A defesa acérrima de José Sócrates protagonizada por Mário Soares já motivou reações. O presidente do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público (SMMP) considerou esta, quarta-feira, as declarações do antigo chefe de Estado português de “absolutamente lamentáveis” e de serem “uma vergonha para o país”.

À agência Lusa, Rui Cardoso, presidente do SMMP, disse que “As declarações do Dr. Mário Soares são absolutamente lamentáveis, são indignas de um Presidente da República, são uma vergonha para o país de que foi o mais alto magistrado”. Soares falou aos jornalistas à saída do Estabelecimento Prisional de Évora, no final da manhã, onde o ex-primeiro-ministro José Sócrates se encontra em prisão preventiva desde a madrugada de segunda-feira por indícios de corrupção, branqueamento de capitais e fraude fiscal, na sequência da operação Marquês.

Rui Cardoso recusou-se ainda a comentar quando questionado sobre se as palavras de Soares poderiam (ou não) ser entendidas no sentido de que teria sido montada uma “cabala” contra Sócrates e limitou-se a dizer que “[Soares] pode dizer as razões do que disse”. Também Nuno Coelho, atual vice-presidente da Associação Sindical dos Juízes Portugueses (ASJP), quando contactado pela Lusa, optou por não comentar o sucedido.

O fundador do Partido Socialista disse, depois de uma visita de mais de uma hora à prisão eborense, que “Todo o PS está contra esta bandalheira” e que a operação Marquês não é outra coisa que não “um caso político”. Acrescentou que “toda a gente acredita na inocência do ex-primeiro-ministro”.

“Isto é uma malandragem daqueles tipos que atuam mas que que não fizeram nada”, disse ainda o ex-Presidente, referindo-se indiretamente à investigação. “Isto não tem nada a ver com os socialistas, tem a ver com os malandros que estão a combater um homem que foi um primeiro-ministro exemplar”. “Isto é tudo uma infâmia. (…) Afinal o que é que ele fez?”.

Apesar de a investigação ainda estar em curso, o ex-primeiro-ministro José Sócrates tornou-se no primeiro ex-chefe de governo da história da democracia portuguesa a ficar em prisão preventiva.

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