O preço do ouro está a descer esta segunda-feira nos mercados internacionais, depois de a população suíça ter rejeitado em referendo uma proposta que obrigaria o Banco Nacional Suíço a reforçar as compras do metal precioso no mercado. Chumbaram, também, as outras duas propostas que foram a referendo: uma limitação à imigração e uma retirada de incentivos fiscais a milionários estrangeiros que moram na Suíça.

A cotação do metal precioso está a descer 2% para o valor mais baixo em quase um mês, segundo a Reuters, numa manhã em que também a prata está em forte queda. A prata está a descer mais de 6% para um mínimo de cinco anos. As quedas nos mercados de matérias-primas não se limitam aos metais, já que também o petróleo continua em forte queda, depois de a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) terem resistido a um corte nas quotas de produção. O barril de Brent, que é referência para as importações portuguesas, desce 3,2% para 67,94 dólares, segundo o Financial Times.

As quedas nos mercados de matérias-primas nesta segunda-feira devem-se, também, a dados económicos pouco animadores divulgados na China esta manhã. Mas no caso do ouro trata-se, sobretudo, do resultado do referendo suíço. A proposta “Salvar o nosso ouro suíço” era o nome da iniciativa que queria levar o Banco Nacional Suíço a elevar para mais de 20% a proporção de ouro no balanço do banco central.

A proposta foi patrocinada pelo partido populista SVP e pelos críticos da atuação recente do banco central suíço e, de um modo geral, das medidas de expansão monetária que os principais bancos centrais mundiais têm tomado. No referendo de domingo, foi rejeitada com 78% dos votos a oporem-se à iniciativa.

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Nesta altura, o Banco Nacional Suíço tem menos de 8% das reservas em ouro, o que significa que teria de triplicar essa proporção nos próximos cinco anos. E, depois disso, comprometer-se a nunca mais vender esse ouro. Para atingir esse valor, aos preços atuais, o banco central teria de gastar o equivalente a 55 mil milhões de euros para comprar cerca de 1.750 toneladas de ouro. A produção anual de ouro no mundo é de 2.500 toneladas, pelo que seria algo com potencial para desequilibrar o mercado e fazer os preços voltarem aos máximos históricos de que se afastaram nos últimos 12 meses.

O problema – do ponto de vista dos críticos da proposta – é que obrigar o banco central a importar essa quantidade de ouro impediria o Banco Nacional Suíço de continuar a intervir no mercado para evitar que o franco suíço suba para mais de 1,20 euros. Essa intervenção, que já dura há alguns anos, é feita através da compra de euros e também de ativos denominados em euros. É uma forma de evitar que os produtos produzidos na Suíça se tornem demasiado caros, por via do efeito cambial, para o mercado europeu.

Limites à imigração também descartados

Os suíços que participaram no referendo de domingo chumbaram também a iniciativa “Conter a Sobrepopulação – Preservar o Meio Ambiente”, também conhecida como “EcoPop”. Queria limitar a imigração a 0,2% da população residente durante um período de três anos. A limitação inclui, claro, travões à entrada de cidadãos europeus, o que contraria os acordos bilaterais entre a Suíça e a União Europeia. Ao mesmo tempo, a proposta queria que o governo federal aumentasse o investimento em planeamento familiar.

Uma terceira proposta, também chumbada, queria abolir os benefícios fiscais atribuídos a estrangeiros abastados que, não trabalhando na Suíça, têm residência no país. O incentivo fiscal, que o governo tem defendido ao dizer que é um fator criador de emprego no país, já foi eliminado na cidade de Zurique para evitar que contribua para a especulação imobiliária na cidade. Mas continua a ser utilizado por 5.600 pessoas, segundo a Bloomberg, que têm casas em Genebra e outras cidades dos cantões franceses.