José Sócrates teve esta manhã em Évora duas visitas: António Costa e Mário Soares. Soares foi o primeiro a chegar ao estabelecimento prisional da cidade alentejana. Depois, foi a vez do líder do PS, que já tinha prometido a visita para estas férias de Natal. À saída, Costa preferiu não se comprometer com críticas à justiça nem na defesa do ex-primeiro-ministro. Disse apenas que “é importante que deixemos a justiça funcionar em todos os seus valores”.

Mais de uma hora depois de ter entrado na prisão de Évora, António Costa saiu e pouco quis falar do caso. Recusou comentar a conversa entre amigos – “foi uma visita emocionante” – e quis apenas deixar uma mensagem para a justiça:

“O que é importante é que deixemos a justiça funcionar em todos o seus valores. Na presunção de inocência, que a acusação disponha de meios para fazer a investigação, que a defesa tenha igualdade de meios e que não haja julgamentos na praça pública. É isso que deve ser normal num estado democrático”.

Quando a pergunta é “acredita na inocência de José Sócrates?”, não há resposta. Costa prefere falar do “espírito lutador” do ex-primeiro-ministro e no facto de ser “um lutador por aquilo que acredita ser a sua verdade” e pouco mais. Aos jornalistas quis ainda separar as águas entre o PS e o caso. Repetiu a ideia que tem vindo a dizer desde que Sócrates foi detido, de que “uma coisa são os sentimentos, outra é a necessidade que o PS tem de preservar e de se concentrar na sua função que é a da criação de uma alternativa”. E mais não disse.

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À chegada, o secretário-geral do PS apenas tinha dito que ia “fazer uma visita a um amigo”. Acrescentando apenas que a liberdade “como um bem mais precioso” e que “quem está privado dele, obviamente que está a passar um mau bocado”.

Já Mário Soares, à saída da prisão, diz que Sócrates está “muito bem” e “muito enérgico” e repetiu a crença na inocência do ex-primeiro-ministro. “Ele vai sair daqui porque não há razão nenhuma para que continue tanto tempo preso”, disse aos jornalistas. Desta vez, o ex-Presidente da República foi mais parco em palavras e remeteu as críticas para os artigos (e cartas) que tem escrito sobre o caso.

Acrescentou apenas que “hoje é o ultimo dia do ano e eu tenho o sentimento de amizade e acho que deveria puro e simplesmente no dia em que vai acabar um ano e começar outro, entendi que devia visitar este meu amigo”. Soares defendeu ainda que Sócrates deve continuar a comunicar publicamente:

“Não precisa que lhe deixe nenhuma mensagem. Está muito enérgico e muito senhor do que deve fazer”.

Mário Soares foi pela segunda vez a Évora, para se encontrar com José Sócrates no estabelecimento prisional da cidade – onde o antigo primeiro-ministro se encontra detido desde 24 de novembro. Uma visita depois da troca de cartas por ocasião dos 90 anos do ex-Presidente da República.

A primeira aconteceu apenas dois dias após Sócrates dar entrada na cadeia, a 26 de novembro. O dia até nem era de visitas, mas Soares, na altura, recebeu uma autorização especial para visitar o antigo primeiro-ministro.