Dois vídeos divulgados nas últimas duas semanas pelo site Raqqa Is Being Slaughtered Silently mostram imagens de homens suspeitos de pertencerem ao braço sírio da al-Qaeda, al-Nusra, a executarem mulheres acusadas de adultério com tiros na nuca. A al-Nusra é um grupo rival do Estado Islâmico que tem tentado conquistar território no norte da Síria para aí constituir um Emirado Islâmico.
O primeiro vídeo foi colocado no site Raqqa Is Being Slaughtered – que une uma rede de ativistas de Raqqa, a auto-proclamada capital do Estado Islâmico, que relatam as condições de vida e os crimes cometidos na Síria – no dia 13 de janeiro de 2015 e chamou a atenção do Observatório Sírio dos Direitos Humanos, uma organização que tem sido seguida pela ONU e por vários meios de comunicação internacionais durante a guerra civil na Síria.
O Observador consultou Abdeljelil Larbi, professor de árabe no ILNOVA, centro de línguas da Universidade Nova de Lisboa, que explicou que a mulher vestida com um blusão vermelha pede repetidamente e de forma desesperada para ver os filhos antes de ser executada. “Por favor, senhor, em nome do profeta quero ver os meus filhos”, diz. O pedido é recusado. Depois, os homens recitam o Corão e informam-na de que será condenada pelo crime de prostituição e que a pena aplicada é a mesma para o crime de adultério: morte. “Esperamos que deus perdoe essa mulher e que este castigo seja melhor para ela”, diz um dos homens, de acordo com o professor Larbi.
Seguidamente, um homem aponta uma pistola à sua cabeça, disparando. O corpo da mulher cai no chão. À volta, muitos militantes registam o momento com smartphones. A execução parece ter ocorrido numa cidade do norte da Síria, Idlib, conquistada em dezembro de 2014 pela al-Nusra.
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O vídeo mais recente, publicado terça-feira no site ativista, mostra outra mulher já ajoelhada no chão. A forma escolhida pelos militantes para a execução é semelhante à utilizada com a primeira mulher: um tiro na nuca.
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O mesmo site escreve também que o Estado Islâmico está a proibir as mulheres com menos de 45 anos de deixarem Raqqa para alegadamente as obrigar a casarem com jiadistas.
No final de novembro, o Guardian publicou um relato feito pelos ativistas do Raqqa Is Being Slaughtered que descrevia a auto-proclamada capital do Estado Islâmico como uma cidade devastada, em que os seus habitantes sofrem de fome e de pobreza extrema e não estão a salvo das crucificações, decapitações e chicotadas (o ato de fumar um cigarro é uma ofensa punível com chicotadas) que ocorrem frequentemente na Praça do Paraíso, que, segundo o fundador da rede, Abu Ibrahim Raqqawi, foi renomeada pela população, que agora lhe chama Praça do Inferno.