O ministro das Finanças grego, Yanis Varoufakis, respondeu, no twitter, aos jornalistas que, na sua opinião, o retratam como anti-alemão, indicando um texto da sua autoria, escrito em fevereiro de 2013 e que se intitula “A Europa precisa de uma Alemanha hegemónica”.
Dedicated to journalists scurilously portraying me as anti-German: Feb '13 article EUROPE NEEDS A HEGEMONIC GERMANY http://t.co/ZhQSK32e14
— Yanis Varoufakis (@yanisvaroufakis) January 31, 2015
O argumento central do texto publicado no blogue do economista e ministro das Finanças da Grécia é o de que a Europa precisa de uma Alemanha que abandone a sua posição “autoritária”, que a levou a “impor austeridade aos países mais fracos” do continente, tornando-se, em vez disso, um país “hegemónico” dentro da UE.
Uma Alemanha hegemónica, defende Varoufakis, preocupar-se-ia com outras questões “além da disciplina orçamental e das reformas de mercado”, e teria o desejo de “desenhar, à semelhança daquilo que os EUA fizeram nos anos 50, um programa de recuperação pan-europeu que permitiria repor a procura dos bens de que a Europa precisa”.
O cenário atual – da Alemanha austera e autoritária, nas palavras de Varoufakis – é um resquício de uma ordem mundial construída pelos EUA após a II Guerra Mundial e extinta entretanto. A Alemanha, segundo o ministro das Finanças grego, não consegue ajustar-se à nova ordem, que o economista caracteriza como “um mundo em que não há espaço para uma Zona Euro que funcione como uma Alemanha aumentada” em que a potência europeia “já não pode tomar como garantida a procura dos bens que produz”.
Varoufakis sugere que uma Alemanha hegemónica seria capaz de “canalizar bolsas gigantes de poupanças estagnadas para investimentos produtivos nas periferias, onde iriam produzir rendimento suficiente para pagar as dívidas, mantendo, ao mesmo tempo, o nível de procura intraeuropeia de que as empresas alemãs necessitam para continuarem a ser competitivas dentro e fora da Europa”. Uma espécie de Plano Marshall alemão, defende, que, funcionaria através do recurso a políticas keynesianas:
A Europa precisa do seu próprio New Deal, financiado por uma nova classe de instrumentos de finanças públicas. A Alemanha pode levar a cabo um programa de recuperação deste género em torno do Banco Central Europeu (…).
Para que tudo isto resulte, o economista deixa mais um conselho: “A Alemanha tem de efetuar uma mudança – do autoritarismo nervoso para um hegemónico e iluminado interesse próprio”.