Já é conhecida a eficácia do sistema de ensino finlandês. A sua constante presença nos tops dos rankings educacionais inquieta estudiosos, que já se aprontaram a estudar o fenómeno. Mas a Finlândia já estruturou uma nova forma de ensinar nas escolas: deixarão de existir disciplinas para se lecionar por tópicos.

42 anos após a última reforma no ensino finlandês, esta reforma será uma das maiores já feitas na educação. Apesar do sucesso, os responsáveis pelo ensino finlandês sentiram, em 2013, que o sistema estava a começar a vacilar, ao descerem até 12º lugar, atrás da Estónia, no prestigioso PISA global rankings, que avalia leitura, ciência e matemática.

“Os dias de ouro acabaram”, desabafou Finnbay, serviço noticioso finlandês, após os resultados saírem em 2013. Debatia-se em “como voltar ao jogo” e, anos depois, é anunciado este novo sistema de ensino.

O novo paradigma de ensino baseia-se em aprender por tópicos. Os jovens finlandeses passarão a estudar União Europeia ao invés de estudarem apenas economia, história, língua e geografia. O objetivo dos responsáveis pelo ensino na Finlândia é eliminar a sensação de inutilidade de um determinado conteúdo. A motivação, o factor prático de um tópico e a coerência são valores máximos no novo modelo finlandês.

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“Precisamos de um tipo de educação diferente que realmente prepare as pessoas para o mercado de trabalho” justificou o responsável pela inovação da cidade de Helsínquia, Pasi Silander, ao Independent 

“Os jovens já usam computadores avançados. No passado, os bancos tinham muitos funcionários a fazer cálculos, mas agora tudo mudou. Temos, portanto, de fazer as mudanças na educação necessárias para a industria e sociedade modernas.”, acrescentou.

Apesar de tudo, esta reforma também tem sido alvo de críticas. Os professores, habituados a um sistema de ensino por disciplinas, iriam ser forçados a colaboraram e dependerem de outros professores para cumprirem um plano curricular, dispersa pelas diversas áreas.

Mas, para Pasi Silander, 70% dos professores das escolas básicas de Helsínquia já podem receber este novo modelo. Um dos adeptos e fundadores desta reforma, Marjo Kyllonen, chama a este novo modelo de “co-teaching” e assegura que existirão vários bónus aos professores de colaborarem nesta mudança. De momento este modelo está a ser testado. Por exemplo, algumas turmas de 16 anos já não têm disciplinas como Literatura Inglesa e Física.

“Mudámos mesmo a mentalidade. É ligeiramente díficil convencer os professores a entrar na nova abordagem e a dar o primeiro passo. Mas quem colaborou connosco diz não querer voltar atrás.” assegura Silander. A ideia é ter este sistema aplicado em todo o país por volta de 2020.