O ex-primeiro-ministro Pedro Santana Lopes afirmou na noite de segunda-feira que o país vai encerrar um ciclo e que é preciso um Presidente da República que seja “proativo e chefe de Estado”.
Pedro Santana Lopes e o ex-secretário-geral da CGTP Manuel Carvalho da Silva participaram no debate “Percursos feitos – Desafios atuais”, no âmbito de uma iniciativa dedicada a Francisco Sá Carneiro, organizada pelo PSD da Moita, que decorreu na Biblioteca Municipal.
“É importante perceber o que cada um dos possíveis candidatos presidenciais pensa sobre o país. O próximo Presidente da República tem que se assumir muito como chefe de Estado, na prática, pois já passou o tempo do Presidente sentado no seu lugar”, afirmou.
Santana Lopes referiu que o Presidente da República tem que ser “proactivo e próximo dos cidadãos”, de modo a conseguir resolver alguns problemas.
“Tem que estar acima dos poderes do Estado e ser institucionalmente solidário, seja qual for a cor do Governo. Não há países em que o Presidente da República e o primeiro-ministro discutam em público. Em Portugal parece que existem datas marcadas para o Presidente divergir, como por exemplo o discurso do 25 de Abril ou do ano novo”, defendeu.
Por seu turno, Carvalho da Silva referiu que é preciso construir um “novo compromisso” para o país, considerando que é necessário valorizar a produção, revalorizar as classes médias e conseguir acordos em relação ao trabalho.
“O Presidente da República não é o Governo, mas tem obrigação de interpretar o seu papel, envolver o cidadãos e trazer questões para a agenda política. O atual fez muitas coisas más, que fizeram desvalorizar o seu papel”, disse.
Já Santana Lopes afirmou que, com o fim do segundo mandato do Presidente da República e com as eleições legislativas, se está a encerrar um ciclo e que é preciso fazer um “relatório e contas”.
“Temos que fazer um relatório e contas. O país chegou a este ponto e agora, neste fim de ciclo, não podemos escolher as mesmas vias e as mesmas pessoas. A sociedade precisa de uma revolução, depois deste relatório, para um novo ciclo. Temos que ver o que cada um fez e o que se propõe a fazer”, frisou.
Carvalho da Silva defendeu, por sua vez, que é preciso romper com o passado.
“A sociedade tem sido dominada pelas mesmas estruturas de elite e, como estamos a chegar a uma fase nova, precisamos de um Presidente que rompa com esta lógica e traga coisas novas. Tem que saber interpretar o seu papel, mas tem que ser capaz de responder aos anseios do povo”, concluiu.