Francisco Assis é mais um socialista que não fica contente com o nome de Sampaio da Nóvoa para candidato apoiado pelo PS à Presidência da República e lança o nome de Jaime Gama para Belém. O eurodeputado elogia António Costa espera que António Costa “não se deixe condicionar” pela candidatura que têm vindo a ser apresentadas.

No artigo de opinião que assina hoje no jornal Público, o eurodeputado que esteve com António José Seguro na disputa pela liderança do PS, lança o nome do ex-presidente da Assembleia da República, Jaime Gama para a corrida presidencial. Escreve Francisco Assis que tendo em conta o perfil que se pede para o próximo Presidente da República – que de acordo com Assis é provável que saia do centro-esquerda – Jaime Gama é o nome indicado.

“Pela minha parte não vislumbro nome mais adequado para o desempenho desta função que o de Jaime Gama. É um homem que se situa claramente no campo da esquerda democrática e liberal, possui um vastíssimo currículo cívico e político iniciado no combate à ditadura, dispõe de um prestígio enorme na sociedade, concita a apreciação e o respeito de amplos setores da esquerda e da direita, foi sem dúvida o mais marcante Ministro dos Negócios Estrangeiros da nossa democracia”, escreve.

Francisco Assis espera agora que “a sua vontade [de Jaime Gama] coincida com aquilo que para muitos de nós é a sua obrigação cívica”, escreve.

O eurodeputado não é o único a gostar do nome de Jaime Gama como candidato apoiado pelo PS. Já o secretário nacional do partido e deputado, Sérgio Sousa Pinto, tinha dito ao Observador em novembro do ano passado que o ex-presidente da AR “era um bom candidato” e que “gostaria que ele estivesse disponível”. Mas para já, Gama recusa querer ser candidato ao cargo.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Os dois socialistas que avançam com o nome de Jaime Gama são os dois que também não se sentem satisfeitos com um possível apoio do PS ao ex-reitor da Universidade de Lisboa, Sampaio da Nóvoa. Depois das críticas duras de Sérgio Sousa Pinto, Assis e mais moderado, mas questiona o pensamento de Nóvoa.

No artigo, Assis até diz que a candidatura de Sampaio da Nóvoa é bem-vinda e valoriza o facto de nas suas palavras se vislumbrar que é alguém que se posiciona doutrinariamente no campo do socialismo democrático” e que “valoriza entendimentos entre os partidos de esquerda”, mas ao mesmo tempo, acrescenta, Sampaio da Nóvoa é também o homem que “cultiva uma linguagem equívoca em relação ao mundo político e parece excessivamente deslumbrado com uma ideia de regeneração adâmica da vida nacional”. “Na sua retórica vislumbra-se uma tendência para a proclamação abstrata de valores algo etéreos e descortina-se ainda uma vontade de intervenção não inteiramente adequada à natureza da função presidencial”, remata.

Tendo em conta as movimentações no campo político para as eleições presidenciais, Francisco Assis deixa um apelo ao secretário-geral do PS: que não se “deixe condicionar por ninguém e que atue de acordo com um calendário definido em função da salvaguarda do interesse geral do partido que dirige”. Assis escreve depois de as notícias dos últimos dias darem conta de um provável apoio futuro do PS ao ex-reitor. E perante a não decisão de António Costa, Assis deixa-lhe um elogio: “Só por má-fé se lhe poderia exigir outra coisa. Por isso mesmo tem-me parecido correta a forma como tem abordado o assunto e afiguram-se-me muito injustas as críticas que lhe têm sido dirigidas. É caso para dizer que ‘é preso por ter cão e é preso por não ter'”, escreve.