Os peritos do PS que esta terça-feira apresentaram o documento “Uma década para Portugal” garantem que com as medidas propostas a economia irá crescer 2,4% e 3,1% em 2016 e 2017, respetivamente, dois anos em que a Comissão Europeia prevê um crescimento de 1,7% do PIB. O crescimento em 2017 aproxima-se, portanto, do dobro do que prevê Bruxelas, num ano em que o governo acredita num crescimento do PIB de 2,4%.

“O cenário macroeconómico desempenha um papel crucial na definição de políticas públicas, na medida em que permite balizar as opções dos decisores políticos. Neste sentido, qualquer programa político sério deve assentar num cenário macroeconómico credível“, escreve o Partido Socialista (PS) no documento tornado público esta terça-feira e ao qual se dedicou uma equipa de 12 economistas liderada por Mário Centeno.

O documento utiliza como referência as últimas projeções da Comissão Europeia para a economia nacional, que apontam para um crescimento de 1,7% em todos os anos entre 2016 e 2019. Com o impacto das medidas sugeridas pelos peritos do PS, a evolução da riqueza produzida em Portugal irá aumentar 2,4% em 2016 e 3,1% em 2017. Nos dois anos seguintes, o PIB irá crescer, estima o PS, 2,6% em 2018 e 2,3% em 2019. Nessa altura, a riqueza produzida em Portugal voltará a ultrapassar os os 190 mil milhões de euros por ano.

O governo apresentou, na semana passada, previsões mais conservadoras. Na proposta de Programa Nacional de Reformas, o governo de coligação PSD-CDS prevê um crescimento de 2% em 2016 e de 2,4% em todos os anos entre 2017 e 2019.

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Mais consumo privado e investimento, diz o PS

O ano em que existe uma maior divergência entre as previsões do PS (com as medidas propostas) e as da Comissão Europeia é 2017, em que os 3,1% previstos correspondem a quase o dobro dos 1,7% previstos pela Comissão Europeia e mais do que os 2,4% projetados pelo governo. É que enquanto o PS prevê um aumento de 2,9% do consumo privado e de 8,4% do investimento, o governo aponta para aumentos de 2,1% no consumo privado e de 4,9% do investimento.

Estes valores para 2017, quando vistos em termos absolutos, contêm um otimismo ainda maior por parte do PS, já que já em 2016 os socialistas esperam ver um crescimento de 2% do consumo privado e de 7,8% do investimento. Para o PSD-CDS, em 2016 o crescimento do consumo privado será menor – 1,9% –, bem como o investimento, que subirá 4,4%.

Taxa de desemprego em 2019. 7,4% com o PS, 11,1% com PSD-CDS

As propostas do grupo de economistas liderado por Mário Centeno irá baixar em 2016, ou seja, logo no primeiro ano inteiro de mandato do PS, para 12,2%. Esse valor cairá, acredita o PS, para 10,2% em 2017, 8,6% em 2018 e 7,4% em 2019. A redução prevista pelo governo é bem mais lenta, caindo de 12,7% em 2016 para 12,1% em 2017 e, depois, para 11,6% em 2018 e 11,1% em 2019.

A subida mais ambiciosa do PIB e a queda do desemprego farão, com as medidas propostas pelo PS, com que a dívida pública total (em proporção do PIB) desça de mais de 130% do PIB em 2015 para 117,6% em 2019. Esta perspetiva contrasta com o rácio de 121,2% que a Comissão Europeia tem para Portugal em 2019.

“A sustentabilidade das contas públicas e a estabilização do endividamento são princípios basilares da governação. É necessário um compromisso claro com uma trajetória de sustentabilidade das contas públicas que garanta a redução do défice estrutural e permita iniciar uma trajetória descendente do rácio de endividamento”, escreve o PS.