Mais de metade dos 68 professores que fizeram as provas de física e química (63,2%) e dos 106 que fizeram exame de português do 3º ciclo e ensino secundário (60,4%) não conseguiram nota para passar na componente específica da Prova de Avaliação de Conhecimentos e Capacidades (PACC). Foi também nestas duas disciplinas que a classificação média das provas foi mais baixa – 44,4% e 46,2%, respetivamente -, de acordo com os resultados divulgados, esta quinta-feira, pelo Instituto de Avaliação Educativa (IAVE), responsável pela elaboração e aplicação destas provas.
Pior do que o desempenho a estas duas disciplinas, só mesmo o resultado obtido a educação especial 2 (apoio a crianças e jovens com surdez moderada, severa ou profunda, com graves problemas de comunicação, linguagem ou fala), com uma taxa de reprovação de 100% e uma média de 41,8%. Mas só houve um professor a fazer a prova.
Biologia e geologia surge em 4.º lugar nas disciplinas com pior classificação média, também ela negativa (48,8%) e mais de 42% dos docentes chumbaram.
Por outro lado, educação especial 1 e 3, artes visuais níveis 1 e 2, música e eletrotecnia tiveram os melhores desempenhos, com classificações médias superiores a 70%, numa escala de 0 a 100 pontos, e taxas de aprovação de 100% ou próximas disso.
Entre 25 e 27 de março, 1.565 professores realizaram 2.153 provas, a 24 disciplinas distintas. E por que existem mais provas realizadas do que professores inscritos? Porque cada professor podia inscrever-se a mais do que uma prova. Por exemplo, um professor de português e francês podia fazer prova às duas disciplinas.
Os professores que não conseguiram passar nestas provas específicas da PACC, mesmo tendo passado na prova comum, em dezembro, não poderão candidatar-se a um lugar nas escolas no próximo ano letivo. Questionado pelo Observador, o IAVE não revela quantos professores chumbaram em todas as provas e ficarão, por isso, impedidos de dar aulas.
O IAVE, em comunicado, sublinhou contudo que estes “resultados são referentes a uma amostra não probabilística objetiva circunscrita aos candidatos a docentes” e, por isso, “não podem ser utilizados para extrapolações de conhecimentos e capacidades de outras populações”, ou seja, de todos os professores que lecionam estas disciplinas.
Ministério da Educação diz que PACC pode ser um “incentivo a uma maior exigência”
Também em nota enviada às redações, o Ministério da Educação e Ciência (MEC) disse que “é fundamental que, à medida que se renovem os quadros docentes das escolas, o que irá acontecer de forma acelerada na próxima década, se garanta a entrada de uma geração de professores altamente preparada e qualificada”.
“É ambição do Ministério da Educação e Ciência que esta prova seja também um incentivo a uma maior exigência na formação inicial dos candidatos a professores”, acrescentou a tutela.
O ministério de Nuno Crato reiterou ainda a ideia de que “para garantir a qualidade do ensino dos nossos alunos, é importante que os candidatos a selecionar e recrutar como professores demonstrem o domínio dessas capacidades básicas”. “Por outro lado, é fundamental o domínio dos conhecimentos e capacidades específicas e essenciais para a docência em cada grupo de recrutamento e nível de ensino. Como sempre temos dito, não se pode ensinar bem o que não se sabe muito bem”.