Os trabalhadores da Renault Cacia, em Aveiro, regressaram à greve, reivindicando aumentos salariais e o fim da precariedade dos contratos, e impediram a entrada de camiões na fábrica.

“A adesão à greve no primeiro turno anda na ordem dos 90%, entre os trabalhadores efetivos”, disse à Lusa no local Hugo Oliveira, da comissão de trabalhadores, dando conta de que mais funcionários aderiram, face à última greve registada a 01 de abril.

Os grevistas estiveram concentrados junto ao portão da empresa, que bloquearam simbolicamente entre as 07:00 e as 09:00, impedindo a entrada e saída de viaturas.

Hugo Oliveira justifica o novo período de greve com a “inflexibilidade negocial por parte da atual direção da empresa”, salientando que os trabalhadores “estão a pedir muito menos de aumento do que o verificado em anos anteriores”, apesar “dos resultados históricos” obtidos pela empresa.

“O aumento mínimo em 2013 tinha sido de 35 euros e a nossa última proposta é de 25 euros para todos os trabalhadores e estamos dispostos a aceitar o banco de horas que a administração pretende, só que [a administração] apenas está disposta a dar um aumento de 12 euros”, explicou à Lusa o representante dos trabalhadores.

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Segundo Hugo Oliveira, desde a última greve houve reuniões com a administração, mas esta tem sido “intransigente”, pelo que nova paralisação está anunciada para o próximo dia 14.

“Continuamos abertos a chegar a acordo, como é tradição na empresa, e acreditamos que a administração tem condições para satisfazer as pretensões dos trabalhadores que são legítimas”, disse.

Segundo estimativas atribuídas à administração, cada dia de greve equivale a um prejuízo de um milhão de euros.

Segundo a comissão de trabalhadores, o grupo Renault “alcançou todos os seus objetivos no ano de 2014, sobre os quais a fábrica de Cacia é parte integrante, mas ao contrário do que sucedeu com as regalias dos quadros superiores, a maioria dos trabalhadores não teve direito a um aumento salarial condigno, apesar de todo o sacrifício exigido”.

Com 1.016 trabalhadores, a fábrica da Renault Cacia, em Aveiro, exporta caixas de velocidade e componentes de motor para diversos modelos da Renault.