O escritor húngaro László Krasznahorkai é o vencedor do Man Booker International Prize (MBIP), anunciou nesta terça-feira a organização, que tinha selecionado para finalista o moçambicano Mia Couto. Nascido em 1954, Laszlo Krasznahorkai é conhecido pelo romance “Satantango”, adotado para o cinema por Bela Tarr, e “The Melancholy of Resistance”.
“É um escritor visionário de extraordinária intensidade e alcance vocal que capta a textura de existência atual em cenas que são terríveis, estranhas, terrivelmente cómicas e muitas vezes devastadoramente bonitas”, elogiou Marina Warner hoje, durante uma cerimónia no Museu Victoria and Albert, em Londres.
César Aira (Argentina), Hoda Barakat (Líbano), Maryse Condé (Guadalupe), Amitav Ghosh (Índia), Fanny Howe (Estados Unidos da América), Ibrahim al-Koni (Líbia), Alain Mabanckou (República do Congo) e Marlene van Niekerk (África do Sul) eram os restantes finalistas candidatos ao prémio.
Presidido pela escritora e académica Marina Warner, o júri do prémio MBIP 2015, constituído por escritores e académicos, integra a romancista Nadeem Aslam, a romancista, crítica e professora de Literatura Inglesa na Universidade de Oxford Elleke Boehmer, o diretor da revista New York Classics Series Edwin Frank e pelo professor de Literatura Árabe Comparada na Universidade de Londres Wen-chin Ouyang.
O prémio, criado em 2004 e no valor de 60.000 libras (83.500 euros), é atribuído de dois em dois anos, tendo sido atribuído no passado a escritores como Lydia Davis, Philip Roth, Alice Munro, Chinua Achebe e Ismael Kadare. Ao contrário do “irmão” Man Booker Prize, o MBIP distingue um autor pelo conjunto da obra e importância a nível internacional e não se centra apenas num livro.
Esta foi a primeira vez em que um autor de língua portuguesa foi selecionado para a lista de finalistas, o que surpreendeu e honrou o próprio Mia Couto.
“Recebo a notícia com surpresa, seria uma arrogância e de uma vaidade que não posso ter se dissesse o contrário, trata-se de um prémio com prestígio internacional”, afirmou o autor de “Terra Sonâmbula” após receber a notícia em março.
A nomeação do escritor moçambicano, vencedor do Prémio Camões em 2013, para o Man Booker International Prize foi considerado “um acontecimento cultural e histórico” para Moçambique, considerou o Presidente da República, Filipe Nyusi, numa carta dirigida ao autor.
“A presente nomeação é mais um reconhecimento internacional às tuas qualidades de grande escritor de dimensão mundial”, declarou o chefe de Estado na carta divulgada, elogiando “a sabedoria, humildade e talento” de Mia Couto, que “enche de orgulho os moçambicanos”.