Entre a Grécia, o “Caso Sócrates” e as próximas legislativas, a promessa de António Costa acabou por passar despercebida. Esta quinta-feira, em entrevista a José Alberto Carvalho, na TVI, o secretário-geral do PS admitiu a possibilidade de rever as portagens na Via do Infante, que liga Lagos a Vila Real de Santo António, no Algarve, caso seja eleito primeiro-ministro – é que a Estrada Nacional (EN) 125 é um “cemitério”, argumentou Costa.

Ora, este ano, já no final de junho, em visita ao Algarve, António Costa encontrou-se com vários autarcas socialistas daquela região, que o pressionaram a assumir o compromisso de acabar com as portagens nessa autoestrada. O Observador sabe que na altura o secretário-geral do PS preferiu não se comprometer com nada, mas, esta quinta-feira, Costa foi mais mais longe e assumiu que a situação da Via do Infante deve ser revista.

“Nunca fui grande defensor das lutas contras as portagens (…) e sou pouco entusiasta de propostas de eliminação das portagens. Mas há algumas situações concretas que deviam ser revistas, como por exemplo a Via do Infante”, admitiu o secretário-geral do PS.

António Costa respondia a uma questão colocada por um telespetador através das redes sociais sobre o facto da EN 125 se ter transformado num “cemitério” – referindo-se ao aumento da sinistralidade naquela rodovia. O líder socialista acabou por concordar com essa leitura e considerar que a estrada nacional “não é uma alternativa à Via do Infante” e que essa solução é um “absurdo”, “impraticável” e um “cemitério”. Antes, já o socialista tinha acusado o Governo de ter cometido um “erro estratégico” ao “apostar excessivamente no transporte individual” e por ter investido “mais nas autoestradas do que na ferrovia”.

A guerra das portagens na Via do Infante já não é de agora. A proposta tinha sido pensada e desenhada pelo Governo de José Sócrates, mas só foi introduzida no final de 2011. Os autarcas algarvios deram luz verde à media, desde que o Governo mantivesse a promessa de melhorar a EN 125. Nem três anos tinham passado e já os municípios da região acusavam o Executivo de Pedro Passos Coelho de “traição” por ter faltado à palavra. Na mesma altura, o presidente da Região de Turismo do Algarve, Desidério Silva, veio a terreiro dizer que a introdução de portagens foi responsável pela redução do tráfego para metade. Nesse ano, as portagens na Via do Infante renderam 28,2 milhões de euros de receita, mas nem assim os autarcas ficaram convencidos.

* Artigo atualizado e corrigido às 19h56

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