A Universidade de Coimbra prevê faturar cerca de 2,5 milhões de euros, no próximo ano letivo, com as propinas de estudantes estrangeiros, disse hoje o reitor João Gabriel Silva.

No ano letivo de 2014/2015, a UC contabilizou “cerca de um milhão de euros com as propinas dos estudantes internacionais e para o próximo ano [letivo] já está quase atingido o objetivo de 2,5 milhões de euros”, afirmou à agência Lusa João Gabriel Silva.

Trata-se de “uma quantia muito interessante”, reconheceu o reitor, admitindo que “este valor possa mesmo ser ultrapassado um pouco”, mas não é possível adiantar, para já, uma estimativa rigorosa, pois ainda não terminou o processo de candidaturas e inscrições de alunos na UC ao abrigo do estatuto do estudante internacional.

O aumento das receitas resulta do acréscimo em cerca de 60% do número de alunos estrangeiros, em relação ao ano passado, o que “é excelente”, confirma o acerto da “opção estratégica de atrair estudantes internacionais” e, “por outro lado, demonstra “o prestígio e o valor que é atribuído à formação na UC”, sustentou o reitor João Gabriel Silva.

Apesar de as propinas daqueles alunos serem “substancialmente mais elevadas” (cerca de sete mil euros, contra pouco mais de mil euros para portugueses), a UC “está a ter uma procura crescente, o que, aliás, [lhe] perspetiva boas evoluções no futuro, que são particularmente importantes, porque a demografia faz prever uma diminuição dos alunos portugueses”, sublinhou.

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“Nestes tempos de penúria, 2,5 milhões de euros é uma verba muito relevante”, embora só represente cerca de 1% do orçamento da UC, mas como as suas “finanças estão no limite”, este montante “faz a diferença”, afirmou João Gabriel Silva.

“É este influxo de receitas do estrangeiro que nos permite manter, e até melhorar, a oferta de ensino de qualidade aos portugueses”, defendeu o reitor, contrariando a ideia de que a Universidade pretende “substituir os nacionais pelos estrangeiros”.

Os alunos portugueses são “infelizmente, cada vez menos” e “esta abertura ao mundo, esta capacidade de atração de estudantes internacionais é indispensável para conseguirmos continuar a prestar bons serviços aos portugueses, porque com tanto encurtamento do orçamento não há milagres”, advertiu João Gabriel Silva.

Este movimento é “essencial para continuarmos a prestar um bom serviço aos portugueses”, sustentou o reitor, salientando que, de acordo com os estudos, a partir de 2020, Portugal registará “uma perda de 2% por ano de jovens com 18 anos de idade”, fenómeno que é “extremamente preocupante para o ensino superior e principalmente para o país”.

Cerca de um quinto dos 24.200 alunos da UC (licenciaturas, mestrados e doutoramentos) são estrangeiros, oriundos de “cerca de 90 nacionalidade diferentes, mas muitos deles vêm em regime de mobilidade, através de programas como o Erasmus, que não representam acréscimo de receitas” (continuam a pagar propinas nas universidades de origem), referiu João Gabriel Silva.

Perto de dois mil estudantes estrangeiros que frequentam a UC são oriundos do Brasil, seguindo-se Angola, Itália e Espanha, com cerca de duas centenas e meia cada um, Cabo Verde, França, China e Polónia, com quantidades que variam entre a meia centena e os cem estudantes.