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Listas de deputados. Afinal, que renovação é esta?

Este artigo tem mais de 5 anos

A coligação apresentou esta segunda-feira os cabeças de lista às próximas legislativas. Sociais-democratas e centristas falam numa renovação de 70%, mas há mais para lá dos números. E quanto ao PS?

Quem apresenta mais caras novas? PS ou PSD/CDS? E quem tem mais novatos?
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Quem apresenta mais caras novas? PS ou PSD/CDS? E quem tem mais novatos?

Milton Cappelletti

Quem apresenta mais caras novas? PS ou PSD/CDS? E quem tem mais novatos?

Milton Cappelletti

Com as eleições legislativas no horizonte, o PS e a coligação Portugal à Frente (PSD/CDS) têm agitado a bandeira da renovação como prova do esforço de abertura à sociedade civil e da renovação das máquinas partidárias. Mas nem todos pensam o mesmo.

De um lado, há quem fale numa “renovação sem precedentes” dentro de portas e diga que o projeto político da coligação mostra sinais de “esgotamento” porque não aposta em caras novas. O outro lado não se fica e mostra a renovação de 70% dos cabeças de lista como cartão de visita. Nesta guerra de números, onde os socialistas vencem em todos os indicadores, a pergunta que se coloca é: afinal, o que vem a ser isso da renovação? Será que é mesmo sinónimo de sangue novo na política?

Quem se estreia como cabeça de lista? 

Os socialistas trazem para estas eleições nada mais do que 20 novos cabeças de lista. Apenas Vieira da Silva, o deputado e ex-ministro de Sócrates, que desta vez corre por Santarém – antes fez campanha por Setúbal -, e Paulo Pisco, do círculo eleitoral da Europa, repetem um primeiro lugar e voltam a ser cabeças de lista a 4 de outubro de 2015.

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Já na coligação – onde só os sociais-democratas são cabeças de listas -, os número são mais modestos. Comparando com os cabeças de lista do PSD em 2011, há 14 caras novas. São eles: Luís Montenegro (Aveiro), Nilza Sena (Beja), Jorge Moreira da Silva (Braga), Adão Silva (Bragança), Manuel Frexes (Castelo Branco), Margarida Mano (Coimbra), António Costa da Silva (Évora), José Carlos Barros (Faro) e Carlos Peixoto (Guarda).

Taxa de renovação do PS: 90%; Taxa de renovação do PSD/CDS: 70%.

Pode ver aqui os cabeças de lista de todos os partidos que já apresentaram as listas ou parte delas

Quem já vestiu o fato de deputado?

António Costa afastou vários seguristas e socráticos e optou por escolher apenas 11 figuras que são ou foram deputados como cabeças de lista – exatamente metade. Alguns deputados, como Pedro Nuno Santos (Aveiro), Hortense Martins (Castelo Branco) e Ana Catarina Mendes (Setúbal) foram promovidos a cabeças de lista nos círculos eleitorais em que tinham sido eleitos em 2011.

Dos que estão de regresso, destaque para Luís Capoulas dos Santos, atual eurodeputado e ex-ministro da Agricultura de António Guterres, José Apolinário, secretário de Estado das Pescas também de Guterres, e ainda para Ascenso Simões, atual diretor de campanha de António Costa e ex-secretário de Estado de José Sócrates. Os três têm, pelo menos, uma passagem pela Assembleia da República no currículo.

Os que vestem de laranja e de azul e amarelo apostaram numa renovação mais contida: dos 22 cabeças de lista, apenas 7 nunca foram deputados.

Taxa de renovação do PS: 50%; Taxa de renovação PSD/CDS: 31,82%.

Mesmo assim, quem já tem experiência política?

Neste indicador ambas as barricadas inovaram pouco. Juntando aqueles que desempenham ou desempenharam o cargo de deputado aos que desempenham ou desempenharam outros cargos políticos – governantes, dirigentes partidários ou autarcas, por exemplo -, o PS tem 19 cabeças de lista nestas condições.

Destaque para Manuel Caldeira Cabral (Braga), economista que colaborou com António José Seguro e, mais recentemente, com António Costa, na elaboração do programa macroeconómico. Caldeira Cabral já antes ocupara o cargo de assessor do ministro das Finanças de José Sócrates, pelo que não preenche o requisito de ser um estreante na vida política.

Já a coligação, consegue quase o pleno, com 21 figuras com experiência política em 22 cabeças de lista possíveis. Maria Luís Albuquerque, por exemplo, foi eleita pelo círculo eleitoral de Setúbal, mas nunca chegou a sentar-se na cadeira de deputada. Eleita em 2011, foi nomeada secretária de Estado do Tesouro e depois substituiu Vítor Gaspar na pasta das Finanças. Berta Cabral, atual secretária de Estado da Defesa e ex-presidente do Grupo Parlamentar do PSD na Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores, também nunca foi deputada na Assembleia Legislativa.

Mais longe dos órgãos legislativos, mas igualmente experimentados nas andanças políticas, estão António Costa Silva, presidente da comissão política distrital de Évora, e José Carlos Barros, presidente da Assembleia Municipal de Vila Real de Santo António, antigo vice-presidente dessa autarquia e ex-assessor do secretário de Estado Adjunto da ministra do Ambiente, Elisa Ferreira, no Governo de António Guterres. Podem não ter ocupado cargos governativos de primeira linha, nem ter vestido o fato de deputado, mas nem por isso deixam de caber na categoria de cabeças de lista com experiência política.

E quem é mesmo, mesmo novato?

Aqui as contas são mais fáceis de fazer. Os socialistas apostaram em três nomes sem qualquer experiência política: por Coimbra, Helena Freitas, presidente da Sociedade Portuguesa de Ecologia e vice-reitora da Universidade, estreia-se nestas andanças; mais a norte, no Porto, o físico e presidente do Conselho Nacional para a Ciência e Tecnologia, Alexandre Quintanilha, lidera a lista socialista; em Viana, Tiago Brandão Rodrigues, investigador na área da oncologia na Universidade de Cambridge, vai ser o cabeça de lista do PS num distrito onde, em 2011, os socialistas só conseguiram eleger dois deputados em seis possíveis.

A coligação não foi tão longe e apresentou apenas uma cara completamente nova como cabeça de lista: Margarida Mano, docente na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra e vice-reitora. A cidade dos estudantes vai assistir, por isso, a uma luta entre duas mulheres, ambas vice-reitoras da Universidade.

Entre os que não tem qualquer experiência política e são mesmo, mesmo novatos, a taxa de renovação do PS foi de 13,64%; e a taxa de renovação do PSD/CDS ficou-se nos 4,55%.

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