O presidente da Síria, Bashar al-Assad, declarou numa entrevista que as suas forças armadas estão a avançar em “quase todas as frentes” desde que a Rússia, seu grande aliado no conflito, iniciou a sua campanha militar no país.

“Os terroristas tomaram numerosas regiões na Síria. Mas recentemente, depois da participação da aviação russa (…), a situação melhorou muito e posso dizer que as forças armadas realizam avanços em quase todas as frentes”, afirmou Assad numa entrevista à televisão chinesa Phoenix TV, divulgada este domingo na Síria.

Desde o primeiro mês da intervenção russa, que começou a 30 de setembro, “os grupos terroristas recuaram e começaram a fugir aos milhares para a Turquia e para alguns países europeus”, disse. Na terminologia do regime sírio, o termo “terrorista” designa todos os rebeldes sem distinção: moderados, islamitas ou jihadistas.

Questionado sobre se a Rússia enviou forças terrestres para a Síria, Assad respondeu que “os russos contam com as forças terrestres sírias” para combater os jihadistas do grupo radical Estado Islâmico (EI). “Eles coordenam-se connosco”, assegurou.

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O presidente sírio considerou que aquela era “uma grande diferença” em relação à coligação internacional dirigida pelos Estados Unidos, que combate o grupo EI no Iraque e na Síria. “Não há absolutamente qualquer coordenação e qualquer contacto” entre o governo sírio e as forças norte-americanas, afirmou Assad.

Embora a comunidade internacional esteja unida no propósito de lutar contra o EI, persistem divergências em relação ao modo de resolver o conflito sírio, procurando a Rússia associar o regime de Bashar al-Assad a uma solução, enquanto os ocidentais querem a saída do presidente.

Desde o início do conflito na Síria, em março de 2011, a guerra causou pelo menos 250.000 mortos e provocou milhões de deslocados e refugiados. Vastas zonas do território são controladas pelo autoproclamado Estado Islâmico e por outros grupos armados.

Turquia convoca reunião de emergência

Perante estas movimentações, o primeiro-ministro turco, Ahmet Davutoglu, convocou uma reunião de segurança urgente para decidir uma reação ao avanço das tropas do presidente sírio, Bashar Al-Assad, apoiadas pela Rússia, na região turcomana de Bayirbucak, a norte de Latakia.

A informação foi avançada por meios de comunicação turcos.

O diário turco Hürriyet online informou que o Exército sírio de Al-Assad avançou naquela região do noroeste da Síria, perto do município turco fronteiriço de Yayladag, na província mediterrânica de Hatay, e conseguiu assumir o controlo da estratégica montanha Kizildag.

O presidente da Assembleia Turcomana Síria, Abdurrahman Mustafa, disse ao jornal que, na conquista daquela montanha, o exército sírio foi apoiado por bombardeiros pesados da Rússia e que as tropas de Al-Assad e do Hezbolah desceram de helicópteros para Kizildag.

Apesar da resistência turcomana continuar de pé em várias frentes de Bayirbucak, o número de “mártires e feridos” está a aumentar, adiantou Mustafa.

Segundo o governador de Hatay, Ercan Topaca, cerca de 1.500 turcomanos que fugiram da região chegaram no sábado à fronteira turca, informou a emissora CNNTurk.

“Estamos a tentar avaliar quantas pessoas podem chegar em caso de nova onda de migração”, indicou Topaca.

Este responsável explicou que foram enviadas 575 tendas e 4.200 mantas, bem como 20.000 latas de alimentos em conserva e material médico para o outro lado da fronteira, onde estão os refugiados.

Há três dias, Davutoglu condenou o bombardeamento de Bayirbucak e chamou o embaixador russo ao Ministério dos Negócios Estrangeiros em Acara.

“Nos últimos dias houve muitos ataques intensos contra a população síria em geral e contra os nossos irmãos turcomanos em particular, especialmente em Bayirbucak”, disse o chefe de Governo turco.