O aumento de imposto sobre os produtos petrolíferos, previsto no Orçamento do Estado, tem impacto na indústria, reconhece o presidente da Galp Energia. No entanto, Carlos Gomes da Silva realça que a Galp não tem influência nessa decisão. “É um imposto e como tal será repercutido nos produtos”, respondeu o gestor quando questionado sobre o impacto no preço final.

Ou seja, a Galp vai passar para o preço final o anunciado agravamento de imposto, que chegará aos 7 cêntimos por litro de gasolina e gasóleo, incluindo o efeito do IVA.

Quando questionado sobre o impacto deste agravamento fiscal no consumo, o gestor remete para “a teoria económica. Quando o preço sobe, há uma contração da procura”. Gomes da Silva admite que o efeito será mitigado se o petróleo se mantiver a um nível baixo. A empresa promete trabalhar com os clientes empresariais no sentido de procurar atenuar este efeito, mas o gestor reconhece que haverá o reforço na deslocação de consumo para Espanha onde a fiscalidade é muito mais baixa, sobretudo na gasolina.

“Espero que quem tenha feito as contas esteja confortável quanto aos benefícios da decisão que tomou”, referiu o presidente da Galp, para quem “o país como um todo vai perder,” com este aumento dos impostos.

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O agravamento da carga fiscal acontece num contexto de retoma do mercado de combustíveis rodoviários, que está a crescer há quatro trimestres consecutivos. No ano passado, as vendas de gasóleo aceleraram 4,3% e a gasolina progrediu 0,6%, com o gestor a atribuir uma parte do aumento da procura à baixa do preço final dos combustíveis.

Queda do petróleo não assusta a Galp

O presidente da Galp falava esta segunda-feira, na apresentação dos resultados de 2015 da petrolífera, que registou um lucro de 639 milhões de euros. O crescimento de 71,5% dos resultados líquidos face a 2014 reflete o aumento da produção de petróleo e das vendas de gás natural e combustíveis, bem como a melhoria das margens de refinação que normalmente acompanha a desvalorização do crude. Estes resultados incluem ainda os ganhos da Galp com a descida dos custos de reposição de stock.

Apesar da descida acentuada das cotações do petróleo, a Galp não alterou a sua estratégia de aposta na exploração e produção. “Não estou nesta indústria para me assustar” com os preços do petróleo, realçou Carlos Gomes da Silva, frisando igualmente que o setor exige uma visão de longo prazo.

O contexto obriga a empresa a ter uma maior eficácia e uma maior focagem no controlo custos custo e o presidente da Galp assinala que também as empresas que fornecem as petrolíferas tiveram de baixar consideravelmente os custos, em alguns casos até 50%. Por outro lado, a tecnologia também tem dado resposta ao desafio dos preços baixos. Segundo Gomes da Silva, os custos de desenvolvimento de novas unidades de produção estão abaixo dos 30/35 dólares.

O gestor realça igualmente que os projetos de exploração e produção que a Galp tem em pipeline estão dentro dos mais rentáveis da indústria, entre estes estão os poços em águas profundas no Brasil cuja rentabilidade e nível de produção é dos mais elevados. Em Angola, a continuidade do desenvolvimento do Bloco 32 foi assegurada depois de uma renegociação do quadro fiscal com as autoridades.

A Galp está a produzir mais de 50 mil barris por dia e mantém os planos de reforçar a produção que deverá ultrapassar os 60 mil barris este ano. A atividade de exploração e produção pesa agora contudo menos nos resultados da petrolífera, onde o principal destaque vai para as operações de refinação e distribuição de combustíveis.

No ano passado, a petrolífera aumentou o volume de exportações em 37%, no entanto, a queda do preços levou o contributo em valor a manter-se. As vendas de combustíveis — gasolina para os Estados Unidos e gasóleo para a Europa — mantêm a Galp como uma das maiores exportadoras portuguesas, tendo contribuído com 7% para o total das exportações no ano passado.

A Galp anunciou ainda o lançamento de uma nova imagem institucional com o lema “energia cria energia”, que procura realçar a dimensão vertical e mais globalizada da empresa que no passado tinha a sua operação centrada na Península Ibérica.