Marcelo Rebelo de Sousa entrou numa Misericórdia durante a campanha e numa das divisões passava-se roupa. A mulher que estava com o ferro de engomar perguntou se Marcelo sabia passar e ele respondeu que sim. Sem hesitar passou para detrás da tábua e passou umas calças. Rui Ochôa, antigo editor de fotografia do Expresso e que foi fotografo oficial do Presidente Cavaco Silva, esteve lá em todos estes momentos e reconstruiu a campanha que levará Marcelo Rebelo de Sousa a Belém já no próximo dia 9 de março, data da tomada de posse, em fotografias. “Foi um final feliz”, garantiu o fotógrafo. Veja algumas fotografias do livro na fotogaleria.

Ochôa e Rebelo de Sousa começaram por cruzar-se no Expresso em 1979. Na altura, o professor de Direito já era diretor do semanário, mas mesmo com a saída para o Governo e durante as suas aventuras políticas, Marcelo Rebelo de Sousa e Rui Ochôa mantiveram a amizade. Quando o candidato a Presidente perguntou ao fotógrafo se aceitava cobrir a sua imagem e capturar as imagens mais marcantes desses dias, Rui Ochôa disse que aceitou por saber que seria uma campanha diferente. “Como fotojornalista fiz campanha eleitorais a vida toda e o normal é serem campanhas com muito aparato e super organizadas. Eram campanha com muita gente, muito movimento e muito stressantes. Esta foi uma campanha fascinante e que eu julgo ser um case study por se ter feito com meia dúzia de pessoas“, disse o fotógrafo em declarações ao Observador.

O que começou por ser um convite para fotografar alguns momentos mais íntimos da campanha, rapidamente se tornou na cabeça do fotógrafo num livro. “Tínhamos imagens muito boas e falei com ele e com a filha sobre a possibilidade de um livro, eles concordaram. E depois desafiei-o a escrever um texto para acompanhar as fotografias. Disseram-me que ele se calhar não ia conseguir fazer por ter sido eleito, mas ele cumpriu e escreveu o texto a tempo da publicação. Não sei como conseguiu”, afirmou o fotógrafo que vai lançar o livro “Afetos: Presidenciais 2016” na próxima quinta-feira, dia 3 de março, pelas 18:30, na antiga sede de campanha de Marcelo Rebelo de Sousa. Este será aliás o último evento público de Marcelo Rebelo de Sousa antes de tomar posse como Presidente da República no dia seguinte.

A fotografia mais emblemáticas de todas as que estão no livro? Rui Ochôa escolhe a da capa, por mostrar o professor de Direito tal como ele foi durante toda a campanha. “Foi sempre uma pessoa muito próximas das pessoas. Nunca teve quaisquer problemas de comunicação com quem encontrou na rua. E foi engraçado porque do outro lado, a resposta era positiva. As pessoas até podiam estar zangadas com os políticos ou com o Governo, mas nunca com Marcelo Rebelo de Sousa”, lembrou o fotógrafo.

No entanto, e apesar da proximidade que os une, acompanhar Rebelo de Sousa não foi uma tarefa fácil. “Para nós, enquanto jornalistas, é muito duro e é preciso estar sempre muito atento. Não se pode descansar nem se pode perder nada porque ele podia já estar noutro sítio qualquer a fazer alguma coisa ou falar com alguém”, referiu Rui Ochôa. Um episódio que caracteriza o ritmo da campanha foi vivido pelo fotógrafo em Portalegre. “Ele é muito pontual e quando numa manhã descemos todos para tomar o pequeno almoço, ele já tinha tomado o seu e estava despachado. Quando terminámos e voltámos para o encontrar, ele já tinha desaparecido. Chegaram os jornalistas ao hotel onde estávamos e dissemos que não sabíamos dele, que se tinha ido embora sem nós. Quando o fomos procurar, já estava na rua a falar com pessoas e a fazer campanha sem ter ninguém com ele”, recordou o fotógrafo.

O lançamento do livro no dia 3 e a chegada às livrarias no dia 8 é um “final feliz” para a campanha, segundo afirmou Rui Ochôa já que originou um livro e que “Portugal vai ter um bom Presidente da República”.

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