Michael Bloomberg, de 74 anos, explicou, num artigo publicado no Bloomberg View, que não se vai candidatar à Casa Branca porque “não ganharia” as Presidenciais. E acrescentou, declarando (indiretamente) o seu apoio ao candidato democrata, seja Hillary Clinton ou Bernie Sanders: “Há uma grande hipótese de a minha candidatura poder levar à eleição de Donald Trump ou do senador Ted Cruz. E esse é um risco que não vou correr”, refere no texto.

O nome de Michael Bloomberg (curiosamente, tal como o de Donald Trump) foi várias vezes — primeiro em 2008 e depois em 2012 — ventilado como “presidenciável”. Sempre como independente, ou num denominado third party. Mas Bloomberg nunca avançou. Aliás, foi mesmo apoiante da reeleição de Barack Obama em 2012.

Este fevereiro, numa entrevista ao Financial Times, Bloomberg falou pela primeira vez da sua possível candidatura em 2016, não negando que esta pudesse vir a avançar nas semanas a seguir — sobretudo depois da Super Tuesday. Porquê? Porque Bloomberg se sentia desiludido: com Trump, com Hillary, com todos os candidatos à Casa Branca. “O nível do discurso, da discussão, é aflitivamente banal, um ultraje, um insulto aos eleitores”, afirmou o ex-mayor de Nova Iorque, concluindo: “Eles [eleitores] merecem muito melhor do que isto.”

Mas antes mesmo da entrevista ao Financial Times, já em janeiro o New York Times, citando fontes próximas de Michael Bloomberg, garantia que este estaria na disposição de investir mil milhões de euros da sua fortuna (avaliada pela Forbes em 37 mil milhões; oito vezes superior à do também milionário Donald Trump e a 10.ª maior dos Estados Unidos) numa candidatura presidencial sua, livre de partidos.

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Ao Financial Times, Bloomberg não confirmou nem desmentiu, mas admitia: “Estou a escutar com atenção o que os candidatos dizem, o que os eleitores das primárias querem. Se sou candidato? Estou a estudar todas as opções.”

O problema é que as sondagens não são favoráveis a Bloomberg. Nunca foram. As que foram recolhidas em janeiro davam conta que, quer avançasse contra Trump, Hillary ou Sanders, o ex-mayor nunca chegaria sequer aos 15% na votação. “Amo demais o meu país para desempenhar um papel na eleição de um candidato que possa enfraquecer a nossa unidade nacional e escurecer o seu futuro. Por isso, não vou entrar na corrida para a Presidência dos Estados Unidos”, escreveu Bloomberg na hora do bye, bye — que nunca foi sequer um hello, guys!, mas antes um ligeiro aceno para, sabe-se hoje, desassossegar os republicanos Trump e Cruz.

Hillary Clinton nunca se pronunciou sobre a possível candidatura de Bloomberg. Donald Trump, por sua vez, mostrou-se “muito feliz” com tal possibilidade, enquanto Sanders foi crítico. Muito crítico. “[Se Bloomberg for candidato] é sinal de que estamos a passar de uma democracia para uma oligarquia”, sugeriu o candidato democrata.