O padre que preside a Casa do Gaiato, em Loures, foi constituído arguido por suspeitas de peculato na sequência de uma operação esta quarta-feira levada a cabo pela Polícia Judiciária. Os inspetores da Unidade Nacional de Combate à Corrupção constituíram ainda um outro suspeito arguido, que trabalhava diretamente com aquele sacerdote.
A investigação, coordenada pelo Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) desde 2014, levou os inspetores da PJ a passarem a pente fino as casas das cinco Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS) por onde o padre Arsénio Isidoro passou entre Loures e a região Oeste. Foram feitas dez buscas — em locais pertencentes às instituições e a uma residência — e foi recolhido diverso material de prova. A polícia suspeita que o padre tenha desviado fundos destas instituições para proveito próprio.
“Era uma coisa muito ostensiva. Comprava carros de luxo de alta gama, que depois vendeu porque terá sido avisado. Falamos de quantias muito avultadas, mas o valor certo só será determinado após a investigação”, disse fonte da PJ ao Observador.
Ainda assim, não foram reunidos os pressupostos para aplicação de uma medida preventiva da liberdade, por isso o padre foi constituído arguido e sujeito a Termo de Identidade e Residência.
O comunicado enviado pela PJ diz que a operação, denominada “VERITAS” teve “por objeto a presumível prática de atos de gestão fraudulenta de entidades privadas com utilidade pública consubstanciados em apropriações indevidas para aquisição de bens de luxo”.
Casa do Gaiato e Patriarcado reagem
Em comunicado, a direção da Casa do Gaiato de Lisboa, com sede em Loures, afirma manter a “confiança” e a “solidariedade” no Padre Arsénio Isidoro “reconhecendo a sua imagem de exemplo e generosidade e fazendo votos para que, rapidamente, a justiça clarifique o manto de suspeição sobre ele levantado”.
A Casa do Gaiato de Lisboa está sob alçada do Patriarcado de Lisboa desde 2006, embora partilhe a mesma missão já não integra a rede “Casa do Gaiato”.
O Patriarcado de Lisboa também emitiu um comunicado a informar que soube do caso pela comunicação social “no âmbito de uma denuncia sobre a prática, menos correta, de atos administrativos por alguns dos seus responsáveis”, lê-se. “O Patriarcado de Lisboa, como em todas as ocasiões, entende ser dever dessas pessoas jurídicas canónicas, cooperar integralmente com as autoridades competentes no apuramento da verdade”, acrescenta o comunicado.
(Artigo atualizado às 10h40 do dia 24/03/2016)