O ex-pugilista Muhammad Ali faleceu durante a noite desta sexta-feira, de acordo com o anúncio que foi feito por um familiar. O ex-pugilista, que através do título de uma autobiografia se apelidou de “O Maior”, tinha sido internado nesta quinta-feira devido a problemas respiratórios.

“Após uma batalha que durou 32 anos contra a doença de Parkinson, Muhammad Ali faleceu aos 74 anos”, afirmou um porta voz daquele que foi campeão do Mundo na categoria de pesos pesados por três vezes. Bob Gunnell acrescentou que a família do ex-pugilista agradecia o apoio prestado e pediu privacidade.

Em reação à notícia, George Foreman, que foi derrotado por Ali num combate histórico realizado em 1974, confessou: “Uma parte de mim desapareceu. A maior parte”.

O estado de saúde do antigo atleta, que foi diagnosticado com a doença de Parkinson em 1984, três anos após se ter retirado dos ringues, tinha piorado nas últimas horas. Ali tinha 74 anos e nove filhos. Estava a ser tratado num hospital localizado na cidade de Phoenix, Arizona, nos Estados Unidos, e os médicos alertaram que o seu estado estava a deteriorar-se.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

O antigo campeão do mundo de pesos pesados, que começou a carreira no boxe aos 12 anos, na cidade natal de Louisville, no Kentucky, já tinha sido internado em 2014 e 2015 devido a uma pneumonia e a uma infeção urinária. Muhammad Ali, originalmente chamado Cassius Clay, mudou o nome quando aderiu à Nation of Islam, nos anos 1960, no dia que se seguiu ao combate que o opôs a Liston em que foi, pela primeira vez, campeão do Mundo. Num total de 61 combates em que participou, Ali ganhou 56, dos quais 37 foram por KO. Perdeu apenas cinco.

O boxeur, nascido a 17 de janeiro de 1942, começou a praticar a modalidade depois de ter sido aconselhado a fazê-lo pelo polícia que recebeu a sua queixa quando alguém lhe roubou a bicicleta. Joe Martin, que também era treinador deste desporto, afirmou a um jovem Ali enfurecido que, se queria bater no autor do crime, tinha que aprender boxe.

A carreira ascendente de Muhammad Ali seria interrompida por causa da militância contra a guerra do Vietname. O pugilista declarou-se objetor de consciência, rejeitou ser recrutado para o exército dos Estados Unidos e a circunstância acabou por lhe custar a revogação do título de campeão mundial, a retirada do passaporte e das licenças para praticar boxe. Interrompeu a carreira, tornou-se num ativista contra a guerra, fazendo intervenções nas universidades norte-americanas, e esta militância acabou por o confrontar com a ameaça de uma pena de prisão de cinco anos.

Ali acabou por regressar ao boxe profissional em 1970, quando um tribunal dos Estados Unidos decidiu que o pugilista estava autorizado a praticá-lo. No ano seguinte, disposto a recuperar o título de campeão mundial, enfrentou, sem sucesso, o invicto Joe Frazier naquele que ficou registado na história da modalidade como o “combate do século”, seguido por 300 milhões de pessoas em todo o Mundo.

Três anos mais tarde, voltou a enfrentar Frazier e, nesta ocasião, venceu. O período coincidiu com o auge da carreira, depois de Muhammad Ali ter batido George Foreman durante um combate realizado no Zaire. Em 1978, o pugilista deixou escapar o título mundial, depois de perder perante Leon Spinks, um pugilista menos experiente. Uma desforra, realizada no ano seguinte, permitiu a Ali reaver o título, mas a carreira ia entrar numa curva descendente.

Em 1980, desafiou Larry Holmes na tentativa de conseguir ser campeão mundial de pesos pesados pela quarta vez, mas acabou vergado sob um KO técnico. O pugilista retirou-se em 1981 e dedicou-se a causas humanitárias. A sua última aparição em público aconteceu em abril, num evento de caridade.