Nunca o tema da exposição solar foi tão falado como, talvez, nos últimos anos. As escolas começaram a sensibilizar para a proteção das crianças, as marcas de cosmética têm apostado em linhas solares cada vez mais inovadoras e a personagem Joni (que apanha demasiado sol) ganhou este ano vida numa música da banda portuguesa D.A.M.A numa campanha da Liga Portuguesa Contra o Cancro e da marca Garnier como forma de alertar contra os riscos associados à exposição solar.

E este é um tema extremamente importante. Ser-se mais inteligente que o sol pode salvar vidas. Mas tornar-se demasiado obcecado ao ponto de não apanhar sol também pode ser prejudicial. Um estudo realizado durante os últimos 20 anos com mais de trinta mil mulheres, e publicado no Journal of Internal Medicine, diz que evitar o sol é um fator de risco de magnitude semelhante ao tabagismo. Segundo os autores, as mulheres que se expuseram ao sol tiveram, em média, menos doenças cardiovasculares, cancro, diabetes, esclerose múltipla e doenças pulmonares.

SYDNEY, AUSTRALIA - JULY 31: Young women enjoy a walk as Sydney enjoys a temperature of 22 degrees celsius on July 31, 2014 in Sydney, Australia. Both Sydney and Melbourne are currently experiencing some of the hottest winter days on record. (Photo by Renee McKay/Getty Images)

Só precisamos de cerca de 20 minutos por dia ao sol no verão para garantir que, durante o inverno, temos níveis suficientes de vitamina D no corpo (foto: Renee McKay/Getty Images)

Eventualmente, a maioria das pessoas pensa que apanha sol — até demasiado. Mas a nossa vida moderna cada vez mais sedentária, baseada em escritórios e sentados aos computadores está, literalmente, a comprometer a saúde das futuras gerações, explicou Carrie Ruxton, uma nutricionista, ao jornal The Guardian. Supostamente, deveríamos apanhar sol entre as 10h e às 14h – não durante as quatro horas seguidas mas sim durante este período de tempo. E não é só a impossibilidade de o fazermos, porque estamos a trabalhar fechados em edifícios, que nos afasta da exposição solar. “Não são só as nuvens que reduzem a luz solar, o mesmo acontece com a poluição atmosférica, certas roupas que usamos, cremes e maquilhagem com proteção UV e ensaboar as crianças com protetor solar durante todo o dia”, explica a especialista.

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Temos tendência para assumir que o nosso corpo vai funcionar perfeitamente se tivermos uma boa dieta, fizermos exercício físico, não bebermos muito álcool nem fumarmos. Mas a verdade é que grande parte das pessoas tem deficiência de vitamina D (e não sabe), que pode ser facilmente compensada.

O que precisamos de compreender (melhor) relativamente ao sol: excesso e falta dele

Quando se fala em exposição solar, falamos naquela que é prolongada. Se só aplicar protetor solar quando for ficar muito tempo ao sol, está simplesmente a usá-lo de forma errada. Porque 15 minutos ao sol na hora de almoço podem fazer pior que três horas às cinco da tarde.

Défice de luz solar pode ser tão prejudicial ao coração quanto comer demasiados cheeseburgers. A Universidade de Harvard explica que falta de vitamina D está associada a problemas como doenças de coração, cancro, depressão ou deficiências no sistema imunitário. E alerta para a obrigatoriedade de se passar mais tempo ao ar livre (com devida proteção nas horas críticas) e menos em casa a jogar videojogos ou a navegar pela internet a tarde toda.

A exposição solar também está associada à prevenção da obesidade. O jornal The Australian explica que, juntamente com a vitamina D, o sol também nos fornece Óxido Nítrico, uma ferramenta para a regulação de processos fisiológicos importantes, nomeadamente o metabolismo. Uma exposição correta ao sol só vai ajudar a manter o seu metabolismo a funcionar sem problemas e a desencorajar aquela vontade em comer demasiado.

Atualmente, 1 em cada 10 homens e mulheres, com idades entre os 40 e os 80 têm deficiências de vitamina D no corpo. Quem o diz é a Universidade de Cambridge que alerta que passar o dia a trabalhar em ambientes fechados pode ser a causa mas não a justificação. Saia mais cedo, dê um passeio na hora de almoço (protegida), uma caminhada ao final do dia…

Só precisamos de cerca de 20 minutos por dia ao sol no verão para garantir que, durante o inverno, temos níveis suficientes de vitamina D no corpo, diz o jornal britânico Daily Mail.