Pragmatismo. Foi desta forma que Fernando Santos reagiu ao terceiro empate de Portugal no Europeu que apurou a seleção para os oitavos de final da prova no terceiro lugar do grupo. “Entre um pássaro na mão ou dois a voar, prefiro ter um na mão”, disse o selecionador a propósito de como a equipa portuguesa fez tudo para segurar o resultado que a manteria na competição, incluindo a entrada de Danilo. “Eu não sou maluco!”, resumiu o treinador, dizendo que foi atrás do que importava: “Fomos apurados, estamos na fase seguinte, que era o nosso objetivo principal”.
Quanto ao jogo deste sábado, frente à Croácia, Fernando Santos mantém o otimismo. “Estamos nos oitavos de final, temos outra final e vamos jogá-la e ganhá-la”, disse, desvalorizando o facto de Portugal não ter conseguido qualquer vitória. “Claro que queríamos ficar em primeiro e ganhar os jogos todos, mas foi assim, e o que importa é que conseguimos o nosso primeiro objetivo”.
Por isso, quanto ao facto de o jogo de Portugal não estar a ser o melhor, Fernando Santos chutou para canto. “Não vi nenhuma seleção que não tenha que melhorar. A Espanha perdeu com a Croácia e deixou de ser primeira do grupo. A Inglaterra também não conseguiu ser primeira. Tudo tem acontecido, é normal, é a fase de crescimento”, justificou.
O selecionador acha mesmo que Portugal fez “dois primeiros jogos bem conseguidos”, onde falhou a finalização, para depois “jogar bem” com a Hungria, onde os problemas estiveram na defesa. “Sofremos três golos, o que nunca tinha acontecido, mas também criámos muitas ocasiões. Conseguimos concretizar, mas em termos defensivos sofremos golos em ressaltos, tabelas, coisas não muito comuns. Normalmente, este jogo teria acabado 3-1 ou coisa do género”, resumiu, elogiando a equipa. “É de louvar os jogadores, estivemos três vezes fora do Euro, estivemos três vezes a caminho de casa, mas assumimos o jogo e conseguimos por três vezes chegar ao empate e ainda tentar chegar ao quarto golo. Mas sabíamos que o importante era o apuramento e a partir de certa altura já não corremos riscos desnecessários e tivemos de pensar, porque o empate garantia aquilo que era o nosso objetivo. Entre a derrota que nos punha fora e o empate que nos mantinha, jogámos pelo seguro”.
Uma referência também de Fernando Santos para Ronaldo, que se tornou no primeiro jogador da história a marcar em quatro Europeus, com o bis deste jogo. “Para quem tem constantemente o nome colocado em todos os lados, todos os dias, sempre sobre pressão, alguém que é na realidade idolatrado pelo mundo, estes são momentos importantes para ele e para a equipa”, disse o selecionador. Que depois acrescentou: “Ele é um ganhador, precisa de golos, sem golos é como se não tivesse nada para comer, ele alimenta-se dos golos, os golos aumentam-lhe a confiança”.
E que Portugal frente à Croácia? “A Croácia é do grupo dos tubarões! Ficou à frente da Espanha, que era favorita. Havia um conjunto de duas ou três equipas, Espanha, Inglaterra e Itália, que partiam como favoritas. E outro grupo que tinha ambição de chegar longe, nós, a Bélgica, a Croácia”, começou por dizer Fernando Santos sobre o adversário, dando depois a tática. “Vai ser mais uma final, tal como esta, e até ao fim é ganhar as finais, produzindo bom futebol, mas também sofrendo muito, tendo grande capacidade de luta, espírito de sacrifício e determinação”, afirmou Fernando Santos, sem dar indicações quanto à equipa titular ou possíveis (novas) mexidas no onze. “Há que encontrar a chave de um milhão, para que a equipa seja mais ofensiva, sem se tornar mais frágil defensivamente. É uma questão de encontrar os jogadores certos e a solução ideal na frente”.
Outra questão importante, o facto de Portugal só ter dois dias para recuperar fisicamente os jogadores, já que volta a jogar no sábado às 20h00 [se tivesse sido primeiro ou segundo do grupo jogaria domingo ou segunda]. Fernando Santos não foi por aí, mas não deixou de sublinhar a importância de recuperar a equipa fisicamente e também psicologicamente. “Foi psicologicamente um jogo muito emocionante, estivemos três vezes fora do Euro, por isso esse capítulo também vai ser muito importante. Eles são humanos, não são robôs, e isso pesa muito. O aspeto motivacional vai ser trabalhado, tal como o estratégico e a gestão física. Mas conseguimos recuperar sempre que estivemos a perder e isso motiva, é preciso realçar esse aspeto”, destacou.