A França e a Alemanha devem “tomar a iniciativa depois de os eleitores britânicos terem decidido que o seu país deveria abandonar a União Europeia, disse este domingo o presidente francês François Hollande. Estas declarações surgem depois de ser anunciado que a chanceler alemã, Angela Merkel, se vai reunir esta segunda-feira em Berlim com o presidente francês e o primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, para estudar uma posição comum para enfrentar a crise gerada pelo Brexit. O encontro antecede o Conselho Europeu onde participarão os líderes de todos os países da União Europeia.

“Um país amigo, um país aliado, com quem temos tantos laços, decidiu deixar a nossa união, a União Europeia (UE), que acreditávamos ser indestrutível e indissolúvel”, afirmou Hollande numa cerimónia evocativa da II Guerra Mundial.

“Cabe agora à França e à Alemanha tomarem a iniciativa, porque mostrámos que a partir da infelicidade, do horror e da guerra, conseguimos forjar uma forte amizade”, considerou Hollande, aludindo às forças do pós-guerra que estiveram na base da fundação da UE.

“Se estivermos separados, corremos o risco de ficar desunidos, divididos e a discutir”, avisou Hollande. Mas “se estivermos juntos, podemos não só ganhar a paz, mas também o respeito dos cidadãos desta boa união chamada Europa”.

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A reunião com os líderes da França e da Itália será a mais importante da primeira série de contactos que efetuou o Executivo alemão desde que se conheceu a decisão do Reino Unido de abandonar a União Europeia (UE), uma fase que culminará na terça-feira com uma declaração de Governo na qual Merkel anunciará publicamente a sua posição sobre o Brexit (nome como ficou conhecida a saída britânica da União Europeia).

Os três líderes, depois de comparecerem perante os meios às 18h30 locais (17h30 em Lisboa), vão debater posturas sobre como gerir o processo de saída do Reino Unido da UE e sobre as medidas necessárias para reforçar e reformar a UE depois do “choque” que pressupôs esta decisão.

Berlim deseja que as negociações entre Londres e a UE comecem o mais rapidamente possível e decorram pragmaticamente e sem rancor. Londres só quer iniciar as negociações em outubro.

O Governo alemão também quer aproveitar para introduzir reformas dentro do bloco, que poderiam apontar para uma UE mais “à la carte”, na qual não necessariamente todos os países devem aderir aos processos de integração em todos os âmbitos.

A reunião das três maiores economias da zona euro precederá um encontro sem cobertura mediática de Merkel com o presidente do Conselho Europeu, o polaco Donald Tusk.

Os eleitores britânicos decidiram que o Reino Unido deve sair da UE, depois de o Brexit ter conquistado 51,9% dos votos no referendo de quinta-feira. Logo na sexta-feira, o primeiro-ministro britânico, David Cameron, anunciou a sua demissão, com efeitos em outubro, e os líderes da UE defenderam uma saída rápida do Reino Unido.

O Conselho Europeu reúne-se na terça e quarta-feira em Bruxelas para analisar os cenários pós-Brexit. O primeiro-ministro António Costa recebe hoje os partidos com assento parlamentar para discutir o tema.