Os portugueses que queiram investir ou exportar para São Tomé e Príncipe deverão contar, no final deste ano, com uma linha de crédito do Estado português, num montante total de dez milhões de euros, disse à Lusa o administrador do maior banco são-tomense.
Em entrevista à Lusa, Miguel Malheiro Reymão, presidente do conselho de administração do Banco Internacional de São Tomé e Príncipe (BISTP), explicou que só faltam as “análises técnicas” a concluir entre as direções do tesouro dos dois países.
“A República de Portugal e a República de São Tomé e Príncipe já assinaram um memorando de entendimento para uma linha de crédito de 10 milhões de euros para apoiar as exportações de Portugal e investimentos de empresários portugueses que queiram investir” no país, afirmou.
Estes investimentos terão de contemplar a criação de empresas locais com “20% de direito de capital são-tomense”, procurando incentivar o setor empresarial do país.
Os bancos parceiros — a Caixa Geral de Depósitos em Portugal e o BISTP em São Tomé e Príncipe — ficarão responsáveis pela atribuição do crédito, mediante a qualidade dos projetos.
A viver no país há cerca de um ano, Miguel Reymão considera que este pode ser o futuro para São Tomé e Príncipe: o país “precisa de investidores e não pode viver eternamente dos doadores” e, para tal, é necessário “criar riqueza”, aproveitando a localização geoestratégica e a mão-de-obra local.
“São Tomé e Príncipe tem o melhor ambiente de negócios possível”, desde a “afabilidade e cortesia da população” à recetividade em relação ao capital português.
“Com os portugueses há uma relação muito boa e profícua”, explicou o banqueiro.
Propriedade em 48 por cento do Estado, com participações da Caixa Geral de Depósitos (27%) e do Banco Angolano de Investimento (25%), o BISTP é, de longe, o maior banco são-tomense, responsável por dois terços do mercado bancário do país.
“O BISTP é um banco universal e quer apoiar o desenvolvimento do país no seu todo, quer seja apoiando as famílias e os particulares, quer seja apoiando a economia”, salientou o administrador, que admite a falta de projetos de produção nacional, num local onde “grande parte do que é consumido é importado”.
Esta situação revela-se um problema para o banco, que pratica taxas de juro “acima dos dois dígitos”, porque existe uma grande taxa de incumprimento no crédito, entre outras razões.
“O BISTP poderá até dizer que tem excesso de liquidez”. O que “não existe é bom crédito para poder transformar essa liquidez captada em crédito que seja considerado bom, um crédito com risco aceitável”, explicou Miguel Reymão.
O peso da economia informal no país prejudica os investidores no momento de negociar crédito, a que se associa a falta de contabilidade organizada das empresas.
“Queremos baixar um pouco as taxas de juro para a economia e para os particulares, mas quanto mais baixarmos a taxa mais aprumados temos de ser na análise” de cada caso, acrescentou ainda o administrador.