O presidente do Comité Olímpico de Portugal (COP), José Manuel Constantino, assumiu esta segunda-feira total responsabilidade pelos resultados obtidos nos Jogos Olímpicos Rio 2016, considerando que ficaram aquém dos objetivos, e disse ter uma decisão tomada sobre o futuro.
“Creio que neste momento aquilo que é importante é avaliarmos os resultados alcançados e os resultados alcançados ficaram aquém das nossas expetativas”, disse à agência Lusa o líder do COP, um dia após o encerramento dos Jogos, em que Portugal conquistou uma medalha de bronze, através da judoca Telma Monteiro.
Manifestando-se dividido, por um lado “feliz, satisfeito, pelo empenho, pelo esforço, pela dedicação, pela forma como a missão viveu nestes Jogos”, José Manuel Constantino diz, por outro lado, ter a obrigação, perante o país, de reconhecer que os objetivos não foram atingidos.
“O presidente do COP assumiu um compromisso quando celebrou com o Governo um programa de apoio à preparação olímpica. (…) Não há outro responsável. O primeiro responsável pelo facto de os objetivos não terem sido atingidos sou eu. (…) Não tenho de me queixar do Governo, nem deste nem do anterior. (…) Se tenho de me queixar, é de não ter sido suficientemente capaz de mobilizar todos aquele que envolvem a participação numa missão olímpica, para que os resultados pudessem corresponder àquilo que tínhamos estimado”, afirmou.
Eleito em março de 2013 para suceder a Vicente Moura, José Manuel Constantino disse ter já uma decisão tomada sobre o futuro, mas escusou-se a dizer se vai continuar no cargo no ciclo olímpico que termina com os Jogos de 2020, Tóquio.
“Acho que tenho a obrigação de lealdade e de respeito de ser a Comissão Executiva a primeira entidade a que devo dar conta quer da avaliação, quer do balanço, quer da minha decisão relativamente ao futuro. Tenho uma decisão tomada sobre o futuro”, assumiu.
O presidente do COP não desvaloriza a qualidade de alguns dos resultados obtidos no Rio de Janeiro, que considera extraordinários, mas insiste que as metas não foram alcançadas: “Nós tínhamos definido duas posições correspondentes aos três primeiros lugares [medalhas], conseguimos uma. Tínhamos definido 12 posições correspondentes aos lugares compreendidos entre o quarto e o oitavo, conseguimos 10. E tínhamos previsto entre o nono e o 12.º cerca de 12 posições e conseguimos 15. Portanto, dos três objetivos, apenas um foi cumprido”, detalhou.
Além da medalha de Telma Monteiro, a canoagem conseguiu um quarto lugar (K2 1.000), um quinto (K1 1.000) e um sexto (K4 1.000), no atletismo registaram-se dois sextos no triplo salto (Nelson Évora e Patrícia Mamona) e um nos 20 km marcha (Ana Cabecinha), enquanto Marcos Freitas, no ténis de mesa, João Pereira, no triatlo, e a seleção de futebol ficaram em quinto e o ciclista Nelson Oliveira foi sétimo no contrarrelógio.
Nas modalidades que à partida via com potencial para conquistar medalhas, a que mais desiludiu o presidente do COP foi o ténis de mesa, mas somente na vertente por equipas, em que foi eliminada na primeira ronda, perante a Áustria, campeã europeia.
“Relativamente ao Marcos Freitas, o comportamento foi extraordinário. O quinto lugar é extraordinário nos Jogos Olímpicos. (…) Eu faço uma avaliação em função dos objetivos que nós determinámos. E em função dos objetivos que determinámos, o resultado fica aquém daquilo que era estimando. Isso não significa que não tenham sido alcançados resultados como os referidos, que têm uma valor extraordinário”, explicou.