A guerra dos números entre sociais-democratas e socialista não dá tréguas. Esta quinta-feira, no Parlamento, o PSD acusou o Governo de António Costa de ser responsável pelo aumento de 262 milhões de euros nos pagamentos em atraso aos hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS). Por entre muitas críticas à gestão do atual Executivo, Ângela Guerra, deputada social-democrata, deixou o desafiou: “Até quando, esta esquerda irresponsável, continuará a desbaratar o enorme esforço que os portugueses fizeram para salvar o SNS?”. Socialistas responderam com herança do Governo anterior.

Mas primeiro os números. “Comparando agosto de 2015, com 2016, os pagamentos em atraso do SNS, aumentaram 244 milhões de euros”, começou por denunciar a social-democrata. “A dívida total a fornecedores deverá, neste momento, ultrapassar já os 1500 milhões de euros. Um aumento superior a 20% em meados de um ano”, reiterou.

Mais: citando a última síntese de execução orçamental, divulgada esta semana pela Direção-Geral do Orçamento, os sociais-democratas acusaram o Executivo socialista de ser responsável por “uma deterioração de 2,6 milhões de euros” no SNS em agosto de 2016.

“Em agosto deste ano, o saldo do SNS [situou-se] em menos de 20 milhões de euros representado uma deterioração de 2,6 milhões de euros, face ao período homólogo. É a própria DGO a reconhecer que as coisas não vão bem”, sublinhou Ângela Guerra. “Nós, PSD, estamos bem cientes do esforço que fizemos com os portugueses, entre 2011 e 2015, pagando mais de 2 mil milhões de euros de dívidas do SNS, evitando o seu colapso financeiro. Razão pela qual, não podemos ficar indiferentes a este descalabro”, reiterou a deputada do PSD.

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De resto, os socias-democratas aproveitaram para colocar a pressão do lado de Bloco de Esquerda e PCP. “Os senhores que a cada dia exigiam mais investimento público no SNS, agora que esse investimento cai a pique, o silêncio o impera. Como é possível traírem assim os princípios que outrora defendiam? Enchem a boca a falar de investimento público, mas perdem o pio quando o vosso Governo corta o investimento no SNS”, atirou a deputada do PSD.

Corroborando as críticas do PSD, a deputada do CDS-PP Isabel Galriça Neto disse querer um pacto para a saúde, mas recusou o “pacto de silêncio com que se tenta branquear a realidade dos problemas graves que existem na saúde”. “O silêncio é ensurdecedor”, vincou.

Pelo PS, o deputado António Sales lembrou os problemas que o país enfrenta com o défice, gracejando que “o bom desempenho do Governo fez com que o PSD se esquecesse do défice”.

António Sales respondeu ainda às críticas recuperando números de 2014 e 2015, altura em que as dívidas a fornecedores também aumentaram, passando de 1,7 mil milhões de euros para 2.079 mil milhões.

“Quem perdeu o pio no anterior Governo foi o PSD e o CDS-PP, ninguém os ouviu dizer nada quando o anterior Governo cortava a eito nos cuidados de saúde”, acrescentou o deputado do BE Moisés Ferreira.

Da bancada do PCP vieram também ataques ao anterior Governo PSD/CDS-PP, com a deputada Carla Cruz a notar que existem dívidas a fornecedores que datam de 2014.

A deputada comunista devolveu ainda as acusações de que o PCP agora “ouve e cala”, questionando os sociais-democratas sobre a sua atitude quando o Governo era liderado pela coligação PSD/CDS-PP. “Anda muito enganada e distraída, o PCP tem colocado os problemas e sabe muito bem que sempre dissemos que Governo PSD/CDS tem uma enorme responsabilidade nas situações hoje vividas no SNS”, acrescentou Carla Cruz.