A EDP é a empresa portuguesa que emite mais gases com efeitos de estufa, de acordo com o ranking divulgado esta quinta-feira pela associação ambientalista Zero. Só a central termoelétrica de Sines é responsável por 13,5% das emissões totais de CO2 do país.
Os dados surgem na véspera da entrada em vigor do Acordo de Paris, documento da Convenção da ONU sobre as Alterações Climáticas em que os países se comprometem a reduzir as emissões de gases de efeito de estufa, para que nas próximas décadas não se registe um aumento de temperatura superior a 1,5ºC relativamente à era pré-industrial.
No top 5 das instalações nacionais mais poluentes surgem ainda a central termoelétrica do Pego, da Tejo Energia, a refinaria de Sines, da Petrogal, o centro de produção de cimentos de Alhandra, da Cimpor, e ainda os aviões da TAP. Juntas, as cinco empresas representam 19,1% do total de emissões de dióxido de carbono de Portugal.
A Zero destaca que as centrais termoelétricas, as principais responsáveis pelas emissões de gases de efeito de estufa em Portugal, “têm mecanismos para remoção de grande parte de determinados poluentes atmosféricos, mas tal não é possível em relação às emissões de dióxido de carbono”. Já o aparecimento de uma empresa do setor da aviação numa posição cimeira é um sinal dos “aumentos consistentes ao longo dos últimos anos”, tendência que também envolve Portugal.
“É inevitável que as centrais fechem mais cedo ou mais tarde”
O presidente da associação, Francisco Ferreira, diz, em declarações à Antena 1, que “nas empresas que estão em causa, principalmente a EDP e a Tejo Energia, no que respeita ao uso do carvão, é inevitável que aquelas centrais fechem mais cedo ou mais tarde, e portanto aqui a questão é saber quando é que estas empresas o vão fazer”.
A EDP já fez saber que não irá fechar a central. Rui Teixeira, administrador da empresa com a área da produção, destaca à TSF que a central é a mais eficiente do país.
Relativamente aos setores mais poluentes, o transporte rodoviário aparece em primeiro lugar, representando 23,5% das emissões totais nacionais, seguido da produção de eletricidade, com 22,5%. A indústria cimenteira, os aterros, e a produção de gado são também importantes poluentes, de acordo com o ranking da Zero.
Para Francisco Ferreira, é a “enorme dependência do transporte individual que nos leva a estas emissões demasiado significativas da parte do transporte rodoviário”. Em declarações à TSF, o presidente da Zero sublinha que a solução passa pela “penalização do uso do automóvel” e também por “alternativas estruturantes, à escala do ordenamento do território, mas eficazes e possíveis desde já”. “Se Portugal apostasse nas energias renováveis”, afirma Francisco Ferreira, “conseguiríamos reduzir praticamente para metade as nossas emissões”.