O presidente da Caixa Geral de Depósitos vai começar por fazer chegar ao Tribunal Constitucional um parecer jurídico a fundamentar a sua decisão inicial de não cumprir o que diz a lei do controlo público da riqueza dos titulares de cargos políticos e altos cargos públicos e entregar uma declaração de rendimentos e património. Perante a eventual (e quase certa) recusa do TC deste parecer, António Domingues não vai insistir na sua posição, expondo a informação em falta.
A notícia foi avançada pela TSF, depois de o comentador político Luís Marques Mendes ter adiantado na SIC que o presidente da Caixa Geral de Depósitos já tinha decidido ficar no lugar mesmo que o Tribunal Constitucional refute o parecer jurídico que o ex-administrador do BPI enviará. A rádio adianta que a decisão já foi comunicada ao Ministério das Finanças e que Domingues ainda vai argumentar, junto do TC, para tentar manter os dados que prestar em sigilo, uma possibilidade nunca aceite pelos juízes do Palácio Ratton. O Observador tentou confirmar a notícia junto da assessoria de Mário Centeno mas ainda não foi possível obter resposta.
A polémica em torno da entrega de declarações de património e rendimentos pelos nova equipa de gestão da Caixa Geral de Depósitos tem dominado as últimas semanas, com o Governo a recusar publicamente ter assumido um acordo com os novos administradores, dispensando-os de mostrar património e rendimentos junto do TC. A existência de um compromisso — que estaria até por escrito — foi avançada pela imprensa mas também por um comentador político, António Lobo Xavier, mas o Governo recusou sempre que isso tivesse acontecido, com o secretário de Estado Adjunto das Finanças, Ricardo Mourinho Félix, a assumi-lo em declarações há TSF na sexta-feira. Nesse mesmo dia, no Parlamento, o ministro das Finanças esteve a ser ouvido pelos deputados da comissão de Orçamento e Finanças sobre a proposta orçamental do Governo, mas a polémica da Caixa não faltou, com PSD e CDS a insistirem para que Centeno falasse do acordo. O ministro das Finanças contornou sempre a questão.