A classificação da arte da falcoaria em Portugal como Património Cultural Imaterial da Humanidade, candidatada em 2015 pela Câmara de Salvaterra de Magos, vai ser decidida, na próxima quarta-feira, numa reunião da UNESCO, na Etiópia.

A candidatura foi apresentada por aquele município do distrito de Santarém em parceria com a Entidade Regional de Turismo do Alentejo e Ribatejo (ERT-AR), a Universidade de Évora e a Associação Portuguesa de Falcoaria.

A decisão da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) vai ser tomada durante a 11.ª reunião do seu Comité Intergovernamental para a Salvaguarda do Património Cultural Imaterial, que vai decorrer, entre segunda e sexta-feira, em Adis Abeba, na Etiópia.

O presidente da Turismo do Alentejo e Ribatejo, António Ceia da Silva, em declarações à agência Lusa, disse que as expectativas acerca da inclusão da arte da falcoaria em Portugal na Lista Representativa do Património Cultural Imaterial da Humanidade são “positivas”.

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“Em primeiro lugar, jogamos sempre para ganhar, portanto, as nossas expectativas são positivas”, argumentou o responsável, revelando que está previsto que esta candidatura de Portugal seja analisada na quarta-feira, no âmbito da reunião da UNESCO.

“Os dados que possuímos, em ligação, quer com a Associação Portuguesa de Falcoaria, quer com a câmara municipal, quer com o Comité Nacional da UNESCO, dão-nos indicações de que a nossa expectativa pode vir a ser cumprida favoravelmente”, afirmou.

Mas, apesar do otimismo e porque “o Comité Intergovernamental” da UNESCO “é soberano e a votação só irá ocorrer na quarta-feira”, ressalvou, é preciso “esperar com tranquilidade”.

Caso a candidatura seja aprovada, o presidente da ERT-AR considerou que será “muito relevante para Portugal e para Salvaterra de Magos e todo o Ribatejo”.

“Hoje, o turista é cada vez mais informado, mais culto, mais exigente e o ‘selo’ da UNESCO, de facto, tem influência na afirmação dos destinos turísticos”, realçou.

A classificação, “caso se concretize”, enfatizou, “vai permitir que se olhe para a falcoaria com outros olhos” e que “haja potenciais investidores na área do alojamento, da animação turística e da restauração”.

A falcoaria, lembrou a Turismo do Alentejo e Ribatejo, foi incluída na Lista Representativa do Património Cultural Imaterial da UNESCO em novembro de 2010.

Na altura, Abu Dhabi (Emirados Árabes Unidos) assumiu a liderança e a coordenação de um projeto apresentado, pela 1.ª vez na história da UNESCO, por 11 países – Bélgica, República Checa, França, Coreia, Mongólia, Marrocos, Qatar, Arábia Saudita, Espanha, Síria e Emirados Árabes Unidos –, que incluíram aquela arte nos respetivos inventários nacionais do Património Cultural e Imaterial.

Em 2012, a UNESCO estendeu o reconhecimento de Património da Humanidade à falcoaria praticada na Áustria e na Hungria, disse a ERT-AR, afirmando esperar que seja agora a vez de Portugal se juntar a esta lista de países, com a candidatura “Falcoaria. Património Humano Vivo”.

A falcoaria foi considerada “uma das mais antigas relações entre o homem e a ave”, com mais de 4.000 anos, evocou a ERT-AR, destacando o papel desta arte na fixação da família real no concelho de Salvaterra de Magos “durante longos períodos”.

O edifício da Falcoaria Real de Salvaterra de Magos, recuperado pelo município em 2009, “terá sido construído por ordem de D. José I (século XVIII) na periferia da vila e foi local de encontro de falcoeiros oriundos de vários pontos da Europa”, referiu.

Atualmente, além da visita ao edifício, “ímpar na Península Ibérica”, é possível “interpretar, com a ajuda de um falcoeiro, diferentes espécies de aves de presa, falcões, águias e açores”, cerca de duas dezenas de aves que, diariamente, fazem demonstrações de voo.

A marca “Salvaterra de Magos – Capital Nacional da Falcoaria”, lembrou ainda a ERT-AR, foi registada em 2014 pelo município.