O Instituto de Higiene e Medicina Tropical (IHMT) recomendou este sábado aos portugueses que pretendem viajar para o Brasil que se vacinem contra a febre-amarela devido ao surto que atinge o estado de Minas Gerais e já provocou oito mortes.
“Sim, com certeza, é recomendada a vacina contra a febre-amarela a quem for viajar para o Brasil neste momento”, disse à agência Lusa Carlos Araújo, diretor clínico da consulta de medicina do viajante do IHMT, da Universidade Nova de Lisboa.
O Ministério da Saúde brasileiro confirmou, na quarta-feira, que subiu para oito o número de mortos em decorrência da febre-amarela no estado brasileiro de Minas Gerais, que fica no sudeste do país, na mesma região de São Paulo, Espírito Santo e Rio de Janeiro.
“Neste momento, em que temos notícia de um surto de febre-amarela, pelo menos por enquanto no estado de Minas Gerais, e que não sabemos qual a dinâmica deste surto e até que ponto isto vai ficar limitado por ali ou não, claramente uma ida ao Brasil tem toda a justificação para a pessoa fazer uma vacina contra a febre-amarela”, acrescentou Carlos Araújo.
Segundo o ministério brasileiro, ao todo 53 mortes registadas em Minas Gerais estão a ser investigadas por suposta relação com a doença.
Até quarta-feira, as autoridades de saúde do Brasil indicaram que existiam 206 casos suspeitos de febre-amarela em 29 cidades no leste do estado de Minas Gerais, que já decretou situação de emergência devido ao surto.
Além do surto registado em Minas Gerais, as equipas de saúde também acompanham seis casos suspeitos em quatro municípios do estado do Espírito Santo.
Apenas alguns estados brasileiros estão fora da lista de risco de febre-amarela: Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Rio de Janeiro. O Espírito Santo também constava desta lista.
“O Brasil é um país endémico de febre-amarela, ou seja, é uma doença que tem sempre a possibilidade de poder ser contraída naquele país”, referiu Carlos Araújo.
Segundo o diretor clínico, “o Brasil não costuma exigir o certificado de vacina contra a febre-amarela para os viajantes que vão para o Brasil de países como Portugal, ou outro qualquer país da Europa, onde não há febre-amarela”.
“No entanto, como existe algum risco, normalmente costumamos falar nisso e recomendar a vacina”, referiu.
Carlos Araújo esclareceu que, anteriormente, a vacina contra a febre-amarela era renovada de 10 em 10 anos.
Com base na recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS), de julho de 2016, quem for vacinado agora está imunizada, em princípio, contra doença para toda a vida.
Na consulta de medicina do viajante do IHMT, as pessoas poderão obter informação sobre os riscos de saúde relacionados com as viagens e obter aconselhamento médico orientado para as atitudes e precauções a ter antes, durante e após a viagem.
A vacinação só se efetua aos viajantes que realizam a consulta.
De acordo com o IHMT, a Consulta do Viajante deve ser realizada, de preferência, quatro a oito semanas antes da data da partida e os interessados devem levar o boletim de vacinas e a listagem da medicação regular, assim como qualquer documentação médica relevante.