Não faltam animais em risco de extinção. E é aqui que entra o papel das associações de preservação e conservação da natureza. E assim, algumas espécies conseguem salvar-se de um destino fatal. O El Español, em colaboração com vários investigadores e depois de consultar diferentes classificações internacionais, elaborou uma lista de dez espécies que conseguiram mesmo aumentar a sua população e ultrapassar um fim trágico.
Baleia-Cinzenta
A baleia-cinzenta (Eschrichtius robustus) é um mamífero da família dos escrictídeos que pode chegar a medir 15 metros e pesar até 35 mil quilos. Apesar de ter enfrentado, desde sempre, ameaças de extinção, a regulação de caça comercial conseguiu com que o nome desta espécie deixasse de constar na lista daquelas que estão em perigo iminente, passando agora a ser caraterizado como uma “preocupação menor” por parte da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN).
Segundo declarações de Manolo Castellote, investigador do Laboratório de Mamíferos Marinhos e da Administração Nacional Atmosférica dos EUA (NOAA, em inglês), a população da baleia-cinzenta, na costa norte-americana, está a crescer a um ritmo de 2,5% e conta agora com cerca de 26 mil animais. Contudo, o cientista alerta para o perigo de extinção desta espécie no Pacífico noroeste, onde há apenas 100 animais.
Lince Ibérico
Há cerca de 15 anos havia apenas uma centena de linces ibéricos (Lynx pardinus) em liberdade. No entanto, o número de espécies no ano passado conseguiu aumentar para cerca de 440, um crescimento que possibilitou a estes animais livraram-se do perigo de extinção, segundo dados obtidos através de um estudo ibérico.
“Podemos dizer que esta espécie conseguiu deixar de ser uma situação tão preocupante e, apesar de ser ainda considerada grave, está a evoluir favoravelmente”, admitiu José A. Godoy, um investigador científico da Reserva Biológica de Doñana ao El Español.
Foi em 2002 que o lince ibérico atravessou a sua fase mais crítica, mas foi com a ajuda de administrações autónomas e estatais e através do apoio financeiro e científico, sobretudo na União Europeia, que o caso foi ultrapassado. Portugal e Espanha uniram esforços na conservação da espécie. Com sucesso.
Panda Gigante
Foi no ano passado que o panda gigante (Ailuropoda melanoleuca) deixou de fazer parte da “lista negra” das espécies em vias de extinção, de acordo com a IUCN. “É um facto que esta espécie tem registado um progresso e que atravessa um risco de extinção menor”, revelou Luis Suárez, responsável pelas Espécies da World Wide Fund for Nature (WWF) ao El Español. “Mas a situação ainda é preocupante, pois o número total de pandas selvagens continua a ser baixo, a população encontra-se dispersa e, a maior parte, vive em áreas não protegidas”, acrescentou.
Águia Imperial Ibérica
A águia imperial ibérica (Aquila adalberti) é uma espécie proveniente do sudoeste da Península Ibérica e do norte de Marrocos. Depois de muitos esforços por parte de organizações de conservação, esta ave deixou de estar em perigo e passou a estar em situação “vulnerável”, conta Nicolás López-Jiménez, responsável pelas Espécies Ameaçadas da SEO/BirdLife.
“Embora ainda não se possa dizer que tenham deixado de estar em risco de extinção, o número de aves reprodutoras desta espécie aumentou significativamente, bem como a sua área de distribuição na Península Ibérica, chegando até a alcançar Portugal”, afirma Lopéz-Jiménez.
As principais ameaças de morte não naturais que a Águia Imperial Ibérica enfrenta são, maioritariamente, por eletrocussões em postes de eletricidade e envenenamento.
Rinoceronte de Java
Segundo o El Español, não se sabe ao certo quantos rinocerontes de java (Rhinoceros sondaicus) habitam no mundo. Contudo, estima-se que haja cerca de 70 exemplares desta espécie, um número muito baixo e que faz com que estes animais permaneçam em situação de perigo considerável.
Michael Hoffmann, membro da Comissão de Sobrevivência das Espécies da IUCN, revelou ao El Español que as medidas de conservação implementadas para esta espécie tiveram um impacto muito positivo na sua manutenção e, sem elas, provavelmente já se encontraria extinta. Hoffman acrescenta ainda que a principal ameaça de morte que o rinoceronte enfrenta são os caçadores furtivos, que têm como objetivo matá-los para adquirir os seus chifres e vendê-los no mercado asiático.
Gnu de Cauda Preta
O gnu é um grande mamífero que inclui duas espécies, ambas nativas do continente africano: o gnu de cauda branca (Connochaetes gnou) e o gnu de cauda preta (Connochaetes taurinus). É o gnu de cauda preta que mais sofre da possibilidade de extinção. Por agora, é considerado “uma preocupação menor”, conta Michael Hoffmann.
“A conservação também serviu para proteger as espécies mais comuns, como o gnu de cauda preta, com exemplares abundantes e vasta distribuição”, afirmou o investigador. Essas medidas de conservação centraram-se, sobretudo, em parques naturais na Tanzânia e no Quénia, onde a maior parte dos animais desta espécie habitam.
Milhafre Real
O milhafre real (Milvus milvus) é uma ave da família accipitridae e a sua espécie chegou a registar um grande declínio, com quebras de mais de 50%, de acordo com o investigador Nicolás López-Jiménez. Apesar disso, no último ano conseguiu alcançar uma ligeira melhoria na sua população, deixando de estar presente na lista dos animais em risco de extinção.
Tal como a águia imperial ibérica, as principais ameaças à sua espécie são eletrocussões e envenenamento.
Órix
O órix (Oryx leucoryx), também chamado de guelengue-do-deserto, é um antílope africano. Habita em desertos ou em planícies áridas e desloca-se em manadas. Este animal selvagem chegou mesmo a extinguir-se na vida selvagem por volta dos anos 70. Porém, a reprodução em cativeiro e os esforços para voltar a introduzir esta espécie no seu habitat natural deram resultado por volta de 1980. Agora, a sua condição é “vulnerável”, conta o El Español.
Cavalo Selvagem da Mongólia
O cavalo selvagem da Mongólia (Equus ferus), também chamado de cavalo de przewalski, é uma espécie que se deu por desaparecida no seu habitat natural em 1996. Mas, graças a um projeto internacional de conservação de espécies, tem voltado a ser reintroduzida no seu habitat natural depois de reprodução em cativeiro. Atualmente, a sua situação melhorou e agora encontra-se “apenas” em perigo de extinção.
Existem cerca de 50 animais desta espécie que vivem em liberdade. No entanto, são muito vulneráveis a condições atmosféricas severas, isto é, a invernos rigorosos que, na região onde vivem, podem chegar até aos 30 graus negativos.
Rato Leporillus conditor
Pode considerar-se um sobrevivente. Os roedores da espécie Leporillus conditor são da família Muridae e podem ser apenas encontrados na Austrália. Este tipo de rato, também apelidado de “rato arquiteto”, é conhecido pela facilidade em construir ninhos e já esteve quase extinto. Foi graças a um plano de recuperação que agora se encontra fora da zona de perigo, segundo o El Español.
Hoje em dia, estima-se que haja entre 3 mil a 4 mil animais desta espécie.