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Autoridades palestinianas exigem pedido de desculpa a Guterres

Este artigo tem mais de 5 anos

O secretário-geral da ONU provocou um incidente diplomático ao dizer que na origem do Monte do Templo esteve um templo judeu, o que é rigorosamente verdade, pois era aí que se erguia Templo de Salomão

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AFP/Getty Images

AFP/Getty Images

António Guterres está no centro de um grave incidente diplomático que fez as autoridades palestinianas virem a público exigir um pedido de desculpas ao secretário-geral das Nações Unidas. E isto porque Guterres fez uma declaração considerada muito polémica pelos palestinianos, ao considerar que o Monte do Templo ou Nobre Santuário — um dos locais religiosos mais disputados em Jerusalém — tem na sua origem um templo judeu. E assim é: aí se ergueu o Templo de Salomão e é aí que se situa o Muro das Lamentações, o segundo local religioso mais reverenciado pelos judeus pois trata-se de uma parede que é único vestígio que resta do antigo Templo de Herodes, erguido no mesmo local do primitivo Templo de Salomão, que foi destruído pelos babilónios.

Para o ministro para os Assuntos de Jerusalém, da Autoridade Palestiniana, Guterres “negligenciou as resoluções da UNESCO, que dizem claramente que a Mesquita Al-Aqsa é uma herança islâmica”. Citado pela agência noticiosa chinesa, Xinhua, Adnan al-Husseini disse mesmo que as declarações de Guterres representam “uma violação para todas as regras humanas, diplomáticas e legais e uma violação da sua posição como secretário-geral” da ONU. A Autoridade Palestiniana exige, assim, que Guterres peça desculpa pelo que disse.

E um conselheiro do presidente da Palestina Mahamoud Abbas veio acrescentar, através de um comunicado escrito, que as declarações de Guterres são um “golpe para a credibilidade da Nações Unidas como uma organização global que devia manter-se ao lado dos povos ocupados e contra o poder da ocupação”.

“Parece que o novo secretário-geral das Nações Unidas tem falta de confiança e não compreende a sua posição”, diz ainda Majdalani, conselheiro de Abbas.

As declarações a que se referem estes altos representantes da Autoridade Palestiniana foram feitas em dois momentos diferentes. As primeiras, durante uma cerimónia em memória das vítimas do Holocausto, na sexta-feira passada nas Nações Unidas, em que António Guterres (pode ver no vídeo em baixo ao minuto 2:20 ou ler no discurso integral disponível no site das Nações Unidas) diz que “o Império Romano não só destruiu o templo em Jerusalém como fez judeus párias em muitos sentidos”.

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A referência às origens do templo foram agravadas, aos olhos palestinianos, posteriormente, quando Guterres deu uma entrevista à rádio pública de Israel, e disse ser “claro que o Templo, que foi destruído pelos Romanos, era um templo judeu”. E ainda acrescentou que “ninguém pode negar o facto de Jerusalém ser, hoje em dia, uma cidade sagrada para três religiões”. O secretário-geral das Nações Unidas referia-se ao judaísmo, ao cristianismo e ao islamismo.

O Monte do Templo ou Nobre Santuário é um local considerado sagrado por judeus e muçulmanos. Os primeiros reclamam ter acontecido naquele local o episódio relatado na Bíblia, conhecido por sacrifício de Isaac, e o local onde Salomão ergueu o seu templo. Os segundos situam ali uma das mais antigas mesquitas do mundo, bem como o momento da ascensão de Maomé ao paraíso e consideram-no o 3º lugar mais sagrado do islamismo. Ao referir apenas a sua história judaica, ainda que numa cerimónia específica em memória do Holocausto, Guterres tocou no nervo de um conflito secular.

Em outubro passado o conselho executivo da UNESCO (a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) aprovou uma resolução altamente controversa que foi descrita pela imprensa internacional como um corte dos laços judeus com o Monte do Templo, referindo-se sempre ao local pela terminologia em árabe (mesquita Al-Aqsa e Al-Haram Al-Sharif). O texto falava numa “Palestina ocupada” e defendia a salvaguarda da “herança cultural palestiniana e o caráter distintivo de Jerusalém Oriental”, isto para de alguma forma condenarem as restrições que as autoridades israelitas estavam a impor no acesso às mesquitas por parte de muçulmanos.

Apenas seis países (EUA, Reino Unido, Holanda, Lituânia, Alemanha e Estônia) votaram contra a resolução, que foi aprovada com 24 votos favoráveis e mais quatro abstenções. Essa resolução foi muito mal recebida por Israel, que era referido no textos como o “poder ocupante”, e o ministro da Educação israelita, Naftali Bennett, chegou mesmo a acusar a UNESCO, numa carta dirigida à sua diretora-geral Irina Bokova, de dar “apoio ao terrorismo islâmico”. O caso levou à suspensão da cooperação de Israel com a instituição. O então secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon teve mesmo de vir publicamente deitar água na fervura, bem como Bokova, e ambos no sentido de considerar a importância do local sagrados para as três religiões monoteístas, judeus, cristãos e muçulmanos.

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