Dois cidadãos argelinos fugiram na última quarta-feira de um navio atracado no Barreiro e continuam a monte, avança o jornal Correio da Manhã, citando fonte da Autoridade Marítima. Os dois tinham embarcado clandestinamente no porto de Arzew, na Argélia, num navio-tanque carregado com gás que faria a travessia para Portugal. Depois de terem sido identificados pela tripulação como imigrantes ilegais, acabaram por fugir a nado e ainda não foram encontrados. O Ministério da Administração Interna confirmou entretanto ao Observador que “as autoridades policiais estão a realizar todos os esforços para localizar estes dois cidadãos”.
O alerta foi dado na última quarta-feira, tendo o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras alertado a Polícia Marítima e a Polícia de Segurança Pública. Segundo aquele jornal trata-se de Jaloul Bensmail e Samir Miloudi, de 44 e 45 anos, que embarcaram de forma clandestina no navio-tanque Queen Isabella no porto de Arzew, na Argélia, que se preparava para rumar a Portugal.
Os dois homens foram identificados pela tripulação a bordo do navio, quando ainda estavam em águas estrangeiras e foram retidos na enfermaria. Foi aí que a tripulação notificou as autoridades portuguesas. A ideia era, depois de serem identificados e as autoridades notificadas, partirem de novo para a Argélia quando o navio fizesse a viagem de regresso. Mas os dois homens terão conseguido partir o vidro quando a embarcação fazia a descarga no Barreiro, e atiraram-se ao rio Tejo, fugindo para terra. Permanecem em fuga desde então.
No comunicado, o MAI descreve detalhadamente todos os procedimentos tomados desde que o Governo português teve conhecimento da situação. “Numa altura em que o navio se encontrava ainda no Porto de Huelva, Espanha, o SEF emitiu um alerta comunicando às autoridades de controlo costeiro e marítimo competentes solicitando a colaboração no sentido de acompanhar o trajeto do navio em águas nacionais”, lê-se.
O SEF apressou-se então a consultar todas as bases de dados para conferir a identidade fornecida pelos cidadãos em causa e não obteve registos que pusessem em causa a segurança nacional, pelo que concluiu tratar-se de uma questão de imigração ilegal. “Não existe informação sobre estes dois cidadãos relacionada com a segurança nacional, pelo que se aponta, mais uma vez, para mais um caso ligado ao fenómeno da imigração ilegal”, escreve fonte do Ministério.
Segundo o MAI, o serviço de estrangeiros e fronteiras deslocou-se à embarcação para verificar a documentação e para apurar se havia necessidade de uma intervenção das autoridades policiais. “Foi questionado o comandante do navio se pretendia segurança e vigilância a bordo por parte das autoridades policiais nacionais, tendo aquele informado não necessitar pois dispunha de local próprio para o efeito e a tripulação tomaria conta da situação. O SEF controlou a sala onde os clandestinos se encontravam e constatou a existência de condições para o efeito”, continua a ler-se.
“Mais tarde, o SEF e restantes autoridades portuguesas, designadamente a Polícia Marítima e a PSP, foram informados da fuga dos dois clandestinos e de imediato o SEF procedeu aos contactos adequados para este tipo de situações – a nível interno e internacional, nomeadamente partilha de informação de modo a permitir identificação e deteção dos dois clandestinos, incluindo inserção de alertas por não admissão no espaço Schengen via Sistema de Informação Sirene”, acrescenta ainda o mesmo comunicado, que sublinha os esforços que estão a ser feitos pelas autoridades.
Até agora, contudo, ainda não há sinal dos dois imigrantes clandestinos, mas o Governo desvaloriza a situação, dizendo que o transporte de clandestinos a bordo de navios de carga “não é uma novidade e existe um conjunto de procedimentos e medidas que nestes casos são adotados”.