A Uber recebeu 154 queixas de utilizadores californianos a reportar situações que envolveram motoristas alegadamente alcoolizados, entre agosto de 2014 e agosto de 2015, e a grande maioria (151) não foram investigadas, segundo a Comissão de Serviços Públicos da Califórnia. O regulador estadual avançou com uma ação judicial e a tecnológica arrisca-se a pagar uma multa de 1,13 milhões de dólares, conta a Reuters.

A polémica sobre a violação das regras estaduais de “tolerância zero” ao álcool – que estão em vigor no estado desde 2013 – é mais uma a somar-se ao rol de notícias que têm posto a empresa liderada por Travis Kalanick nos holofotes das críticas. E que já levou vários cargos de topo da tecnológica a demitirem-se.

A investigação foi condensada num relatório de nove páginas e está agora a ser examinada por um juiz que vai decidir sobre o processo. A porta-voz da Uber, Eva Behrend, já veio afirmar que as queixas são antigas e que “a empresa já melhorou consideravelmente os seus procedimentos desde então”. De acordo com o regulador, nesse ano, a Uber recebeu 2.047 queixas deste tipo e despediu 547 motoristas como consequência.

Em fevereiro, Susan J. Fowler, a ex-engenheira informática da Uber, descreveu no seu blogue pessoal várias situações de desigualdade de género e assédio sexual na empresa. As reações não se fizeram esperar, levando o líder Travis Kalanick a um pedido de desculpas público. Seguiram-se mais queixas de ex-funcionários que denunciaram uma cultura de obsessão e foi divulgado um vídeo do presidente da Uber a discutir com um dos motoristas.

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Assédio e cultura de obsessão. O que se passa nos escritórios da Uber, Kalanick?

O líder da tecnológica contratou o ex-procurador-geral norte-americano Eric Holder para conduzir uma investigação independente ao que se passou com Susan Fowler, mas não foi suficiente para evitar que os utilizadores reativassem a campanha #deleteUber nas redes sociais.

Entretanto, Keala Lusk, outra ex-engenheira, revelou, num post que escreveu no Medium, que “durante o tempo que passou na empresa, assistiu a lutas maléficas por poder, estagiários que trabalhavam 100 horas por semana repetidamente, mas que só recebiam por 40 horas, situações de discriminação contra as mulheres, e preconceito em relação à comunidade transgénero”.