Ambientalistas de Aljezur, Lisboa e Porto juntam-se à edição deste ano da Marcha Mundial do Clima, convocada nos Estados Unidos contra as políticas a favor dos combustíveis fósseis do Presidente norte-americano Donald Trump.

As três marchas em Portugal, marcadas para 29 de abril, vão exigir especificamente o fim da prospeção de petróleo na costa portuguesa disse hoje à agência Lusa João Camargo, do movimento Climáximo, uma das entidades organizadoras.

A Marcha Mundial do Clima, que este ano tem já a adesão de 15 países, tem sido realizada nos últimos anos, reunindo associações, organizações e movimentos em defesa do clima e contra todas as atividades e políticas que promovem a emissão de gases com efeito de estufa.

Estas emissões, originadas por exemplo pelos transportes, centrais termoelétricas a carvão e por algumas indústrias, são as principais responsáveis pelas alterações climáticas que resultam no aumento da frequência de fenómenos extremos, como chuvas intensas ou ondas de frio e de calor.

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A marcha deste ano foi convocada nos EUA “como protesto contra as políticas anti clima do Presidente Donald Trump e toda a destruição que elas implicam”, salientou João Camargo, referindo-se às opções a favor da exploração de combustíveis fósseis do responsável norte-americano, ao contrário do que tentava fazer o seu antecessor, Barack Obama.

Em Portugal, “além desse apelo internacional, também respondemos a uma situação que é a autorização de um furo de prospeção de petróleo ao largo de Aljezur”, explicou.

Nos últimos anos, disse o ambientalista, tratava-se de “uma marcha de reivindicação para avanço [das medidas] contra as alterações climáticas, neste momento, é um grande protesto contra aquilo que são as políticas dos EUA, personificadas no seu Presidente, que são o maior produtor de combustíveis fósseis”.

Para João Camargo, “rejeitar as políticas anteriores que, apesar de tudo, indicavam um caminho de redução das emissões, significa uma condenação para o planeta”.

Por isso, os ambientalistas consideram muito importante esta conjugação de esforços a nível internacional para protestar contra atuais e futuras explorações de combustíveis fósseis.

As marchas “têm tido bastantes participantes” nos últimos anos e a questão “felizmente tem ganhado relevância na sociedade portuguesa, particularmente preocupada com este tema”, por isso, os organizadores esperam “uma adesão bastante significativa” nos três locais.

João Camargo recordou que o Governo autorizou há alguns meses a realização de um furo de prospeção de petróleo, pela Galp e ENI, ao largo de Aljezur, o que originou a reivindicação de “parar definitivamente” este processo e revogar os restantes nove contratos existentes em Portugal.

Já foram cancelados seis contratos no Algarve e “é importante continuar esse processo”, acrescentou.

“Portugal não pode entrar, neste momento, num período de exploração de combustíveis fósseis, quando sabemos da necessidade de cortar radicalmente as emissões de gases com efeito de estufa”, como foi decidido por mais de 190 países, no Acordo de Paris, concluiu o ambientalista.

Participam nas marchas em Portugal várias associações, não só ambientalistas, mas também sindicatos e partidos políticos, além dos movimentos locais contra a exploração de combustíveis fósseis.