A Standard & Poor’s não dá como garantida uma subida do rating da dívida portuguesa na próxima revisão depois do verão. O economista chefe da agência de rating avisa que primeiro é preciso perceber se a recuperação económica é sustentável. Em declarações ao Diário de Notícias/Dinheiro Vivo, Jean-Michel Six reconhece que a recuperação económica é “impressionante” e tem uma escala ampla que ultrapassa o crescimento do turismo, destacando a força das exportações.

No entanto, quando questionado se o rating pode subir a curto prazo, o economista esfria o entusiasmo. “É preciso perceber se esta recuperação é sustentável porque existe um ligeiro efeito base: se o ponto de partida é muito baixo, qualquer recuperação vai gerar níveis de crescimento espetaculares. Ainda é preciso avaliar a sustentabilidade do crescimento a médio prazo e o impacto que terá na dívida ainda demasiado elevada”.

Estas declarações foram feitas no dia em que o primeiro-ministro, o Presidente da República e até o comissário europeu Pierre Moscovici manifestaram publicamente a expetativa de que o rating de Portugal vai finalmente subir, sobretudo depois da saída do procedimento dos défices excessivos. António Costa foi mais longe nesta posição, tendo afirmado que não faz sentido que as agências mantenham o mesmo rating que deram em 2011, quando o país estava em resgate financeiro.

António Costa: agências têm de subir rating de Portugal “se quiserem continuar credíveis”

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

A agência americana vai continuar a monitorizar a evolução da economia portuguesa e Jean-Miche Six destaca o exemplo de Espanha onde o crescimento é consistente. Apesar de afirmar ter muita esperança em Portugal, o economista chefe sublinha que é preciso que os números positivos “não se fiquem pelo curto prazo, mas que sejam resultado das reformas implementadas, algumas das quais foram muito difíceis.”

Em março, a Standard & Poor’s manteve a nota da dívida portuguesa em BB+, com uma perspetiva estável.

Por “injustiça” ou por “factos”, o rating de Portugal fica em “lixo”