A Comissão Nacional Eleitoral (CNE) de Angola publicou os resultados da segunda contagem provisória dos resultados das eleições angolanas e voltou a colocar o MPLA em primeiro lugar, com 61,10% dos votos. Na prática, os resultados têm um valor praticamente final, uma vez que foram até agora escrutinados 97,82% dos eleitores e 97,38% das mesas eleitorais. Assim, está consumada a vitória eleitoral do MPLA e a eleição de João Lourenço como o sucessor de José Eduardo dos Santos como Presidente de Angola.

Em segundo lugar ficou a UNITA, com 26,71% dos votos. Em terceiro, a CASA-CE com 9,46%. Depois, o PRS com 1,33%, a FNLA com 0,90% e a APN com 0,49%.

Isto quer dizer que o MPLA vai ficar com 150 deputados, segundo números do CNE. Assim sendo, o MPLA desce para o seu pior resultado em eleições, mas continua a manter uma maioria qualificada, já que tem 68,2% dos deputados — ou seja, ligeiramente acima dos 66% necessários para convocar um referendo ou propor alterações à Constituição.

Na oposição, haverá um total de 70 deputados — a maior soma até hoje. Destes, a maioria pertence à UNITA, que com o seu melhor resultado de sempre conseguiu 51 deputados. Depois, a CASA-CE fica com 16 parlamentares. Segue o PRS com dois a FNLA com um.

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A abstenção terá sido de 23,41% — maior do que a 2008, as primeiras eleições em paz; menor do que as últimas eleições, em 2012.

O anúncio foi feito na manhã desta sexta-feira, um dia depois de terem sido divulgados os primeiros resultados provisórios, que com 65,53% das assembleias de voto escrutinadas dava um total de 64,57% dos votos. Naquela primeira contagem, a UNITA ficou em segundo lugar com 24,4% e a CASA-CE com 8,56%. Os números foram contestados pelos técnicos e comissários da CNE em representação daqueles dois partidos da oposição, que fizeram uma conferência de imprensa onde afirmara não reconhecerem aqueles números nem terem contribuído para a sua contagem, como estava previsto.

A porta-voz da CNE, Júlia Ferreira, limitou-se apenas a ler os resultados das eleições, província a província, e depois do total nacional. Não houve quaisquer reações à polémica que quebrou na quinta-feira à noite.

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Foi também apontado pela oposição que a soma das percentagens obtidas por todos os partidos — ao todo, concorreram seis listas — ultrapassava os 100%. Era, mais propriamente, 100,37%, o que é matematicamente errado.

Tanto a UNITA e a CASA-CE estão a fazer contagens paralelas dos votos, apontando para uma vitória do MPLA mas sem maioria absoluta na Assembleia Nacional.

Ainda antes da conferência de imprensa, José Pedro Cachiungo, um dos mandatários da UNITA na CNE, disse: “Esses resultados são falsos. São falsos na sua produção, são falsos na sua dimensão, são falsos comparados com os que nós temos”, garantiu.

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