A presidente do CDS-PP considerou hoje que “não houve nenhum virar de página na austeridade”, dizendo estar preocupada em saber como é que o Governo chegou à redução do défice conhecida na sexta-feira.
À margem de uma ação de pré-campanha eleitoral para as eleições autárquicas de 1 de outubro, na freguesia lisboeta da Ajuda, Assunção Cristas falou aos jornalistas sobre a anunciada redução do défice, que totalizou 3.763 milhões de euros até julho, um recuo de 1.153 milhões de euros face a 2016, segundo o Ministério das Finanças.
De acordo com o Governo, “a evolução do défice resultou do aumento expressivo da receita de 3,2% e de um acréscimo da despesa de 0,5%”, e o “excedente primário ascendeu a 1.726 milhões de euros, aumentando 1.377 milhões de euros”.
“Por via indireta, todos nós estamos a pagar muitíssimos impostos e, na nossa avaliação, não houve nenhum virar de página na austeridade”, reagiu a presidente do CDS-PP.
“Este governo teve sempre uma política de austeridade à esquerda, tirou com uma mão, deu com a outra, redistribuiu as coisas, mas, na verdade, não teve uma política significativa de impulso à atividade económica através de uma melhor competitividade fiscal”, considera, criticando a “arrecadação muito grande de impostos” para famílias e empresas e recordando as propostas do CDS-PP para diminuir carga fiscal.
“O que eu gostaria de ver era uma baixa significativa de impostos, desde logo para as empresas, para podermos ter atividade económica mais significativa”, contrapôs.
“Vejo sempre com bons olhos quando há uma melhoria do défice”, assumiu, logo assinalando: “Preocupa-me saber como chegámos a esse défice.”
Assunção Cristas contabiliza “mil milhões de euros” em “cortes cegos” nos serviços públicos, nomeadamente educação, saúde e transportes, atribuídos ao atual Governo do PS, apoiado por BE e PCP.
“Preocupa-me que haja uma dívida pública imensa e que continua a não diminuir de forma significativa”, referiu Cristas.
Segundo dados do Banco de Portugal divulgados a 22 de agosto, a dívida pública aumentou até junho, para os 132,4 por cento do Produto Interno Bruto (PIB), acima dos 130,5 por cento registados no primeiro trimestre e dos 130,3 por cento verificados no final de 2016.
“Quando as receitas aumentam, normalmente ou houve aumento de impostos, ou houve uma extraordinária melhoria da atividade económica”, observa Cristas, criticando a “enorme falta de transparência” do Governo em 2016 e antecipando para 2017 “cortes, cativações e outras formas de congelar despesa”.