A Guardia Civil espanhola encontrou 2,5 milhões de boletins de voto com os quadrados para as respostas “sim” e “não” num armazém em Barcelona. Também foram encontrados quatro milhões de envelopes e cerca de 100 urnas, mas os funcionários da empresa onde foram encontrados afirmaram que pertenciam às eleições do FC Barcelona, em 2015, e que não tinham nada a ver com o referendo de 1 de outubro. As fontes do FC Barcelona contactadas pelo El Mundo negaram que as urnas sejam propriedade do clube.

Na semana passada, a Guardia Civil também tinha encontrado 9,8 milhões de boletins de voto e foram requisitadas cerca de 50.000 notificações para a constituição das mesas eleitorais.

Milhares de estudantes estiveram em protesto esta quinta-feira nas ruas de Barcelona pelo referendo de 1 de outubro. O El País diz que foi a maior manifestação pró-referendo feita até à data. De acordo com os dados divulgados pela Guardia Civil, houve 16 mil alunos do Ensino Secundário e do Ensino Superior em protesto nas ruas. Não há incidentes de maior registados.

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A manifestação começou por volta do meio-dia na praça da Universidade e foi convocada pela plataforma Universidades por la República. “No domingo, vamos votar”, disse uma porta-voz da plataforma de estudantes, que acrescentou que é preciso fazer uma campanha que o Estado espanhol não está a permitir fazer com normalidade”.

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Juntaram-se à manifestação representantes das associações juvenis Arran, da Unió de Pagesos e do Sindicat d’Estudiants dels Països Catalans, bem como os bombeiros da Generalitat (governo autónomo da Catalunha), que gritam “Mais bombeiros e menos polícias”. Alguns bombeiros levam, por precaução, o escudo da Generalitat coberto com fita adesiva.

“Não se podem gerar problemas maiores do que os que queremos evitar”

Os Mossos d’Esquadra (a polícia autónoma da Catalunha) já anunciaram que não vão fechar as mesas de voto no domingo mesmo que haja risco de desordem pública, conta o El País. “Não vamos negar ou ignorar o que o magistrado disse, mas queremos deixar claro que o importante é salvaguardar a coexistência dos cidadãos”, afirmou Joaquim Forn, ministro do Interior, insistindo que os agentes vão atuar aplicando os critérios básicos de de proporcionalidade, congruência e oportunidade. “Não se podem gerar problemas maiores do que aqueles que queremos evitar”, acrescentou.

Para garantir que os independentistas não conseguem entrar nas assembleias de voto, o Ministério Público espanhol ordenou à polícia catalã que as mantenha fechadas até domingo e que, nesse dia, monte um dispositivo de segurança permanente em frente às escolas. Os independentistas estão, por isso, a apelar à população para que saia à rua com caixas de cartão, caso as urnas não cheguem aos locais de voto.

Independentistas garantem que catalães irão votar “nem que seja numa caixa de sapatos”

O ministro do Interior da Generalitat explicou esta quinta-feira que quis “reduzir as tensões” no Conselho de Segurança com o governo espanhol, reiterando que o cenário para o referendo de 1 de outubro ficou diferente depois de o Supremo Tribunal de Justiça ter iniciado a investigação. Forn disse ainda que a ordem do Ministério Público para fechar os locais de votação antes de sábado era de “legalidade duvidosa”.

Esta quinta-feira, em Bruxelas, Raúl Romeva, responsável pelos assuntos externos do Governo regional catalão defendeu que o parlamento daquela região espanhola deverá aprovar uma declaração de independência 48 horas depois de publicado o resultado do referendo, se o “sim” ganhar. Se o resultado for uma vitória do “não” à independência, “demitir-nos-emos e convocaremos eleições regionais”.