A Câmara de Viseu vai manter a megaoperação que tem em curso desde o final de outubro, com 32 camiões-cisterna a transportarem diariamente água para abastecer o concelho.
“A operação que está montada e contratada pelo município continua a funcionar ininterruptamente, sete dias por semana. Começámos com 27 camiões e, neste momento, são 32”, explicou.
A mesma fonte referiu que a água transportada para Viseu é oriunda de barragens de Tondela, Trancoso e Balsemão (Lamego).
“Neste momento, temos a operação em contínuo, e continuará durante as próximas semanas”, afirmou, acrescentando que, “só num cenário de reposição muito rápida de água, por efeitos da chuva”, é que pode eventualmente ser suspensa.
No entanto, o presidente da autarquia, Almeida Henriques, “continua apreensivo em relação à situação, que continua a ser de emergência em Viseu”, acrescentou a fonte.
Esta megaoperação de compra e transporte de água foi motivada pelos “mínimos históricos” dos níveis de água na Barragem de Fagilde, que abastece os concelhos de Viseu, Mangualde, Nelas e Penalva do Castelo.
Para continuar a conseguir garantir o abastecimento público de água às populações no concelho, o município decidiu avançar com a operação de compra de água a outros sistemas e o seu transporte.
“Encontramo-nos numa situação de emergência que reclama medidas excecionais. Este é um momento de grande responsabilidade coletiva. Os consumos de água devem ser radicalmente moderados e racionalizados. Por cada litro de água paga pelo utilizador, o município está a pagar o valor equivalente a dez litros”, disse Almeida Henriques na altura.
Desde o início do verão que o município tinha em vigor um plano municipal de contingência, um esforço que, em outubro, foi intensificado através da adoção de medidas mais severas de redução de consumos públicos de água.
Por exemplo, os sistemas de rega foram desligados ou substituídos por alimentação de águas de furo, em todo o concelho, e o combate às fugas foi intensificado.
Transferência de água entre barragens em Viseu mantém-se
O ministro do Ambiente afirmou esta sexta-feira que a transferência de água entre as barragens da Aguieira e de Fagilde, em Viseu, “não foi suspensa”, estando parte dos veículos “a ser desinfetados” para passarem a transportar água tratada.
O que aconteceu é que hoje estão a ser menos camiões utilizados nessa tarefa [de transporte de água entre barragens] e uma parte boa dos camiões que estavam com essa tarefa estão a ser desinfetados para transferir água tratada entre estações de tratamento, que estão ali próximas, e os próprios reservatórios”, afirmou Matos Fernandes aos jornalistas, em Vila Nova de Gaia, distrito do Porto.
Segundo o ministro, a transferência de água entre barragens “não foi suspensa” e “esta mudança nada tem a ver com o final do problema, [porque o problema] não está resolvido”.
“Portugal está em seca e aquele é um dos sítios onde os efeitos da seca são mais evidentes, e é fundamental continuar a poupar água”, sublinhou João Pedro Matos Fernandes, explicando que os pontos de descarga de água na barragem de Fagilde “estão mais limitados”, porque se trata de “estradões de terra”, o que torna “mais difícil ter 50 camiões a operar [ali] com água bruta”.
O ministro adiantou que a partir de sábado os “próprios camiões do Exército vão começar a transportar água bruta de umas nascentes mais a jusante do rio Dão” para combater o problema.
Questionado para quantos camiões cisterna deu a chuva dos últimos dias, Matos Fernandes disse que “ninguém responde mesmo a uma pergunta dessas”, mas que “não foi muito significativo” o volume de água da chuva e que “o problema está longe de estar resolvido”.
O governante classificou o projeto de transferência de água entre barragens “absolutamente exemplar, onde as autarquias estão a ter um papel importantíssimo, sendo elas as ultimas responsáveis pelo abastecimento de água às populações”.
“Uma parte deixou de transportar água bruta para transportar água tratada entre reservatórios”, reafirmou.
Já hoje de manhã, fonte da Câmara de Viseu tinha dito à agência Lusa que a operação camarária também se mantinha.