Saman Ali, o único refugiado yazidi que ficou em Portugal depois da chegada ao país de vários migrantes daquela religião no início do ano, começou esta segunda-feira uma greve de fome a exigir a revalidação do seu título de residência, escreve o Expresso. “Portugal será responsável pela minha morte”, escreveu Ali num papel que afixou à porta da sua casa, em Guimarães.

A sua autorização de residência provisória em Portugal expirou a 15 de novembro sem que o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras lhe emitisse a residência permanente ou revalidasse a autorização provisória. “Um dia antes de acabar fui ao SEF de Braga, já desesperado. Disseram-me que é normal o prazo caducar, que não há problema em ficar ilegal e que me depois me ligam. Como é que podem aceitar que esteja ilegal e que isso não seja um problema?”, disse Saman Ali em declarações ao jornal Expresso.

“Não posso ir ao hospital, não posso ir comprar medicamentos, não posso sequer sair de casa porque não tenho identificação válida e os meus papéis de residência expiraram. É como se estivesse numa prisão. E eu quero voltar a viver”, disse o refugiado ao mesmo jornal.

Saman Ali chegou a Portugal em março deste ano, depois de ter conseguido fugir do Iraque para a Grécia. Veio num grupo de 23 pessoas yazidi, mas é atualmente o único desta minoria religiosa que se mantém em Portugal, país onde quer continuar a viver. Professor universitário e formado em biologia médica no Iraque, Saman Ali perdeu toda a sua família (mãe, pai e irmãos) às mãos do Estado Islâmico e diz não ter condições para regressar ao país de origem.

Em maio, Saman Ali já tinha sido notícia, depois de ter enviado uma carta a Marcelo Rebelo de Sousa a queixar-se de que a sua primeira autorização provisória estava prestes a expirar e não tinha perspetivas de renovação. A nova autorização chegaria pouco depois. Agora, o refugiado enviou uma nova carta ao Presidente da República, pedindo a residência permanente em Portugal. A carta ainda não foi recebida no Palácio de Belém.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR