O guitarrista da banda Xutos & Pontapés Zé Pedro morreu esta quinta-feira aos 61 anos na sua casa, em Lisboa. Zé Pedro tinha sido diagnosticado com Hepatite C — doença que descobriu em 2001. Em 2011, o fundador dos Xutos&Pontapés fez um transplante de fígado. No início de novembro, o guitarrista tinha anunciado nas redes sociais que tinha começado um “novo tratamento”.
Na página oficial de Zé Pedro no Facebook foi feita uma publicação com uma fotografia a preto e branco do guitarrista com a descrição: “Obrigado”. Meia-hora após de ter sido publicada, a fotografia contava com mais de 4,6 mil gostos e cerca de 700 partilhas.
A página da banda também partilhou uma fotografia, com uma legenda emotiva: “Queridos Amigos. O nosso Zé Pedro deixou-nos hoje. Foi em paz”, pode ler-se na publicação onde anunciam que “as cerimónias fúnebres serão sábado ao princípio da tarde”. O corpo do guitarrista estará amanhã dia 1, a partir das 16h00, no Mosteiro dos Jerónimos. A missa de corpo presente realiza-se no dia seguinte às 14h, seguida de cerimónia privada reservada à família.
Zé Pedro marcou presença no concerto com os Xutos & Pontapés no Coliseu de Lisboa, no dia 4 de novembro. Por estar muito doente, todos encararam o concerto como uma despedida de um dos mais carismáticos músicos portugueses. A sala ficou lotada. “Como sabem tenho andado na luta da vida com alguns problemas de saúde… Tentei e tento dar sempre o melhor de mim. O vosso carinho, o vosso amor, a vossa energia, toda a força que me transmitem é-me tão forte e vital que só posso humildemente agradecer…”, disse numa publicação no Facebook. A acompanhar essa publicação estava um vídeo do último concerto:
Zé Pedro foi um dos fundadores dos Xutos & Pontapés, banda que fundou quando tinha 22 anos, ao colocar um anúncio no jornal: “Baterista e baixista precisam-se para grupo punk”. Recebeu dezenas de candidaturas. Kalú, baterista, e Tim são aceites e nascem os Xutos&Pontapés.
Foi compositor de algumas músicas da banda como Submissão, onde foi também vocalista, e Não Sou o Único. Nos anos 90, durante uma pausa da banda, Zé Pedro e Kalú participaram na banda de Jorge Palma, o grupo Palma’s Gang. O guitarrista passou também por bandas como os Maduros ou Ladrões do Tempo.
[Reveja aqui Zé Pedro a interpretar o seu tema “Submissão”, um dos momentos altos dos concertos dos Xutos]
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“Agora morre esse sacana?” Zé Pedro é lembrado como o “beatle simpático” e uma “pessoa encantadora”
Os amigos lembram-no como uma das figuras mais importantes da música portuguesa e destacam a figura “simpática” e “encantadora” que era o músico. Luís Represas, em declarações à Sic Notícias, considera que Zé Pedro teve uma “importância enorme na música portuguesa”. Pede desculpa por não ser “técnico”, mas o que mais recorda é o “sorriso dele”, um “sorriso extraordinário que ele tinha”. Represas diz que Zé Pedro era o “beatle simpático”, um “músico de afetos” que fazia a ponte com o público, fazendo uso da “simpatia extrema” que o caracterizava.
O músico Tozé Brito também lembrou o “sorriso” de Zé Pedro e definiu-o como um “músico que nunca se punha em bicos de pés”. Em declarações à Sic Notícias, disse não ter dúvidas: “Morreu um dos melhores de nós.”
Já o produtor musical Luiz Montez, à TVI 24, recorda o guitarrista dos Xutos&Pontapés como uma “pessoa encantadora” e que ele era sem dúvida a “alma” dos Xutos&Pontapés. Montez diz que os Xutos não estão em risco, já que “as músicas são imortais” e a “amizade que une” os membros do grupo fará com que a banda não desapareça. Montez diz que “não vai ser fácil arranjar um guitarrista para os Xutos”, mas lembra que todos vão continuar a assistir aos concertos dos Xutos.
“Ele é das melhores pessoas que eu conheci em toda a minha vida”, disse Rolando Rebelo, autor do livro “Aqui Xutos & Pontapés. Nos bastidores da maior banda de rock portuguesa”, em declarações ao Observador. O autor revelou que foi ao casamento de Zé Pedro, que era um dos seus melhores amigos. “Eu e a mulher dele ainda há dois dias falámos, ele estava cheio de esperança… Agora morre esse sacana?”, disse ainda.
Através do Twitter, o primeiro-ministro, António Costa, lamentou a morte do guitarrista, que “personificou o carisma e a elegância do rock como poucos“. “Podemos continuar a ouvir o som da guitarra que nos deixou, mas nunca mais veremos o seus sorriso encantador”, pode ainda ler-se na mensagem do primeiro-ministro.
O Zé Pedro partiu. Para gerações e gerações de portugueses, ele personificou o carisma e a elegância do rock como poucos. Podemos continuar a ouvir o som da guitarra que nos deixou, mas nunca mais veremos o seu sorriso encantador.
Os meus sentimentos aos familiares e amigos.— António Costa (@antoniocostapm) November 30, 2017
O ministro da Cultura, Luís Filipe de Castro Mendes lamentou “profundamente” a morte do músico, numa nota de pesar enviada, onde elogia o contributo de Zé Pedro “de forma decisiva e inovadora para a história da música eletrónica em Portugal e para o sucesso continuado de uma das mais prestigiadas bandas rock nacionais”.
Desde os ensaios na garagem de casa do seu Avô, ainda adolescente, até aos dias de hoje, em grandes palcos portugueses e estrangeiros, o músico teve uma vida intensa e uma brilhante carreira ao longo de quatro décadas”, pode ler-se na nota.
O ministro realçou ainda o “entusiasmo, carisma e empatia” de Zé Pedro que deixaram uma “marca indelével no panorama musical português, com músicas que acompanharam várias gerações, que o admiram com reconhecida ternura”.
Jorge Sampaio, antigo Presidente da República, afirmou que “a partida de Zé Pedro deixa um vazio irreparável”. Numa nota enviada à agência Lusa, Sampaio recordou o dia em que conheceu o guitarrista, bem como os restantes elementos dos Xutos & Pontapés.
“A partida do Zé Pedro deixa um vazio irreparável”, diz Jorge Sampaio
Também a Câmara de Lisboa lamentou a morte do artista, “uma das figuras mais icónicas da música portuguesa”, destacando “a sua longa carreira e ligação à cidade“. “Com o seu desaparecimento, a música portuguesa perde um dos nomes mais populares e marcantes”, pode ler-se ainda na nota enviada.
O Sport Lisboa e Benfica também prestou uma homenagem ao guitarrista. Na sua página do Facebook, o clube partilhou uma fotografia de Zé Pedro com a descrição: “Para sempre um dos nossos”.
No Twitter, também têm sido várias as reações à morte do músico.
O músico João Gil, um dos fundadores do Trovante e da Ala dos Namorados, despediu-se do amigo.
https://twitter.com/gilhasoum/status/936283778300960769
O cantor e compositor David Fonseca partilhou uma fotografia de homenagem, onde também fala do seu sorriso: “Era difícil não sorrir com ele por perto, tal era a alegria contagiante que transportava sempre consigo“. David Fonseca considera Zé Pedro “uma das pessoas mais bonitas e carismáticas do mundo da música, do mundo todo”.
Era difícil não sorrir com ele por perto, tal era a alegria contagiante que transportava sempre consigo. Uma das pessoas mais bonitas e carismáticas do mundo da música, do mundo todo. Um grande abraço a toda a sua família e amigos. Zé Pedro, até sempre. pic.twitter.com/hRXSGyVbDd
— David Fonseca (@davidfonseca) November 30, 2017
A atriz Maria Rueff partilhou um fotografia com Zé Pedro e lembrou o músico e “ser humano” que o tornaram “imortal”.
Obrigada pela qualidade como músico e como ser humano. Zé pedro dia Xutos imortal!
R.I.P. pic.twitter.com/nZu7mYAsR2— Maria Rueff (@maria_rueff) November 30, 2017
O Diretor Coordenador dos Canais Temáticos da SIC (Sic Radical e Sic Mulher), Pedro Boucherie Mendes, despede-se de Zé Pedro, que define como “mais do que um rocker” e “mais do que um gajo porreiro”.
Zé Pedro, mais do que um rocker, mais do que um gajo porreiro, mais do que uma pessoa decente. Descansa em paz!
— PBM (@pedroboucherie) November 30, 2017
A eurodeputada Marisa Matias também partilhou uma fotografia de Zé Pedro no Twitter. “Foi sempre à tua maneira. Até já e obrigada, grande Zé Pedro”, pode ler-se na publicação.
Foi sempre à tua maneira. Até já e obrigada, grande Zé Pedro ❤ pic.twitter.com/KhFiCJrKKp
— Marisa Matias (@mmatias_) November 30, 2017