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PSD. Eleições não entusiasmam o partido: é o menor número de militantes desde que há diretas

Este artigo tem mais de 5 anos

Desde que há diretas no PSD, este será o número mais baixo de militantes inscritos para votar: cerca de 50 mil era o número desta sexta-feira na sede. Em 2010, havia 78 mil filiados com quotas pagas.

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ANTONIO COTRIM/LUSA

ANTONIO COTRIM/LUSA

A disputa entre Rui Rio e Pedro Santana Lopes não parece estar a entusiasmar o PSD, tendo em conta o universo eleitoral inscrito para as eleições internas do partido: no último dia para regularizar quotas, ainda há menos 36% de militantes em relação às diretas de 2010, quando Pedro Passos Coelho foi eleito. Apesar da intensificação do pagamento de quotas nas últimas semanas, o número de militantes regularizados atingiu apenas os 50 mil esta sexta-feira, segundo apurou o Observador junto da sede nacional dos sociais-democratas. Fontes das candidaturas ainda admitem, porém, que pode haver um aumento de muitos milhares de militantes com as quotas regularizadas nas últimas horas da noite.

O Jornal de Notícias falava em apenas 40 mil na edição de hoje. Caso se estes números se confirmem quando os cadernos eleitorais estiverem fechados para a semana, revelam um enorme afastamento ou desinteresse por parte da militância social-democrata: este será o valor mais baixo de militantes com quotas pagas desde que há diretas disputadas entre candidatos à liderança do PSD. Mesmo em 2012, quando Pedro Passos Coelho concorreu sozinho, o número de inscritos foi de 53.270.

Os números ainda podem subir, porque esta sexta-feira foi o último dia para a regularização dos militantes. Mas isso dificilmente mudará o cenário: mesmo que esta sexta-feira tivesse havido uma manobra gigante do aparelho — com o pagamento massivo de quotas nos multibancos ou através do envio de vales postais –, fontes da sede nacional estimam que o número de filiados não subiria mais de dois mil militantes, ou no máximo cinco mil. É comum haver quem deixe as regularizações para a última hora, para não mostrar o jogo aos adversários, como admitem fontes das candidaturas.

No entanto, para que o número de militantes se aproximasse do valor mais baixo de outras diretas disputadas por vários candidatos, seria necessário inscrever pelo menos mais 13 mil militantes esta sexta-feira — o que seria um movimento de “cacicagem” de grande magnitude. Em 2007, no primeiro ano em que houve diretas no PSD e em que Luís Filipe Menezes venceu Luís Marques Mendes, estavam inscritos 63 mil militantes (dos quais apenas votaram 39 mil). Em 2008, nas internas ganhas por Manuela Ferreira Leite contra Passos Coelho e Santana Lopes, o número de militantes atingiu os 77 mil (votaram só 45 mil). Em 2010, quando Pedro Passos Coelho conquistou a liderança do partido e derrotou Paulo Rangel e José Pedro Aguiar-Branco, o universo eleitoral foi de 78 mil filiados (mas votaram apenas 51 mil). Ou seja, o nível de inscritos está no patamar dos votantes efetivos de 2010, em eleições em que a abstenção é sempre superior a 35%.

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O caciquismo continua nas grandes concelhias

Mesmo com números relativamente baixos de militantes, o aparelho continua a trabalhar e tem havido pagamento de milhares de quotas nas últimas semanas por todo o país. Até agora, as maiores concelhias do PSD — que podem ser decisivas para a escolha entre Rio Rio ou Pedro Santana Lopes — são sobretudo as seguintes: Lisboa, Vila Nova de Gaia, Santa Maria da Feira, Porto, Oeiras e Caldas da Rainha.

O último dia de pagamento de quotas antes de eleições internas costuma ser de grande agitação entre os caciques para constituírem os seus “sacos de votos”. O prazo para regularizar as quotas terminou esta sexta-feira às 24h00, mas ainda será preciso a sede nacional processar os pagamentos de multibanco efetuados hoje e os vales postais que são enviados por correio com a data limite de 15 de dezembro, mas que só chegam à sede nacional para a semana.

Em Santa Maria da Feira (Aveiro) — onde haverá duas fações a competir no apoio aos candidatos –, foram pagas mais de mil quotas entre o início de dezembro e esta quinta-feira, segundo dados das candidaturas a que o Observador teve acesso. Nas Caldas da Rainha (Leiria), onde Rui Rio tem um forte apoio, o número de militantes regularizados subiu de 377 para 1024 durante um mês. Em Vila Verde (Braga), onde a candidatura de Rio também é favorita, os filiados com quotas pagas passaram de 84 para 721. No vizinho concelho de Famalicão (Braga), onde Santana Lopes tem o apoio da concelhia, os militantes passaram de 185 para 535. Outro caso onde houve um pagamento exponencial de quotas foi em Lousada, o concelho de Simão Ribeiro, o líder da JSD, que apoia Santana Lopes: os militantes passaram de 57 em novembro para 670 no fim desta semana.

Apesar de se verificar esta dinâmica na regularização de quotas, a maioria das grandes concelhias do PSD ainda estão muito abaixo daquilo que valeram nas últimas eleições internas, realizadas em 2010. Por exemplo, Famalicão valia 2.192 militantes, Lousada chegava aos 1.257, Vila Verde tinha mais de 1.500 e Barcelos tinha mais de 1.300 (hoje terá 684). Vila Nova de Gaia, que era a maior concelhia em 2010, passou de 3.110 militantes, para menos de metade hoje.

O Observador tentou obter uma reação de Pedro Santana Lopes e de Rui Rio ao baixo nível de militantes inscritos para votar, mas não teve respostas até à publicação deste artigo.

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