Num mundo em que os telemóveis Phone, Samsung e Huawei custam tanto como um mês de renda num t1 de 30 m2, em Lisboa, esquecemo-nos dos tempos em que dar mais de 200 euros por um telemóvel era absurdo para o comum mortal. As gamas dos smartphones mudaram abruptamente e, atualmente, um equipamento como o do Aquaris V da BQ, que custa entre 180 e 250 euros, é considerado um telemóvel que está entre a gama média e baixa.

Comparar este equipamento com um iPhone X ou um Samsung Galaxy S8 é impensável. No entanto, se quando experimentámos os Aquaris X e X Pro ficámos surpreendidos pelo downgrade não fazer com que tivéssemos saudades de animojis e ecrãs infinitos, com o Aquaris V conseguimos compreender porque é que há telemóveis tão mais caros.

O Aquaris V, a rondar os 200 euros, simboliza um mercado que, para oferecer aos consumidores inovação e algo diferente, precisa de um investimento mais avultado. Não nos interpretem mal, é um smartphone que cumpre os mínimos: vem com o sistema operativo Android puro (sem programas extra do fabricante) pronto para as apps que se entender instalar; as aplicações que experimentámos funcionaram sem (muitos) problemas; e a câmara tira fotografias (minimamente) nítidas. No entanto, coisas como uma bateria que aguente bem um dia inteiro, entrada USB-C e um design ousado que mostre um smartphone diferente, foram deixadas de parte pela BQ.

https://www.youtube.com/watch?v=7Gr1MvmSwS0

O vídeo de apresentação do Aquaris V e V Plus.

looks irreverentes, e looks como todos os outros

O Aquaris V tem um design como tantos outros smartphones. O telemóvel vem com um sensor de impressões digitais — que funciona incrivelmente bem — na parte traseira, mas aqui as opiniões divergem: há quem goste do sensor atrás e há quem goste à frente. Apesar de ser prático, quando tiramos o smartphone do bolso e o colocamos numa secretária, é pouco prático. De resto, o ecrã de 5,2 polegadas com resolução HD não é deslumbrante, mas cumpre os mínimos para um equipamento deste valor. Quanto ao revestimento em plástico e rebordos em metal, mostra ser um aparelho que aguenta uma queda, mas não deixa de parecer um smartphone barato (algo que não é suposto quando se trata de 200 euros).

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USB-C, onde estás tu?

É na bateria que encontrámos a maior desilusão deste smartphone. Ver um Aquaris lançado em 2017 sem USB-C é simplesmente estranho. Os modelos X vieram com esta nova entrada que permite carregar dados e transferir conteúdos mais rapidamente, já a entrada universal que vem com este telemóvel fez sentir que não é um telemóvel que olha para o futuro. Quanto à autonomia, apesar de ter 3100 miliampères, este equipamento demonstra que este índice não é, automaticamente, sinal de uma grande autonomia. Com uma utilização normal, foi raro o dia em que chegámos ao carregador à noite com mais de 20% de bateria. Quando se puxou mais pelo equipamento foi preciso estar a carregar ao final do dia (o smartphone vem com um carregador Quick Charge, o que é uma mais valia).

O Aquaris V tem sensor de impressão digital abaixo da câmara traseira e vem com flash frontal e traseiro.

Android puro, mas podia (devia) ser mais rápido

O modelo que testámos foi o mais potente, com 3 gigabytes de memória RAM e 32 gigabytes de memória interna (a versão mais barata tem 2 gigabytes e 16, respetivamente). As aplicações funcionaram, mas tivemos alguns problemas. Bastou termos cerca de cinco apps em segundo plano para demorar mais tempo a abrir o Whatsapp ou o Gmail. O Aquaris V teve capacidade para todas as aplicações que instalámos, mas não deixámos de notar, por vezes, alguma lentidão em aplicações que supostamente funcionariam sem problemas (Facebook e Instagram).

Uma câmara que tira fotografias. E é isto

Vamos diretos ao importante: a câmara não é (de longe) incrível. Tira fotografias, tanto a câmara frontal como traseira, que “dão para o gasto”, mas, ao contrário de modelos pouco mais caros que estão no mercado, este telemóvel não substitui uma máquina fotográfica. Para quem não quer smartphone para tirar fotografias e basta algo simples, este V é uma opção. Para os fãs de selfies, este smartphone vem até com um flash frontal, além do traseiro, o que pode ser decisivo na escolha. No entanto, para quem quer um smartphone que seja a câmara fotográfica das viagens e para o dia a dia, vai ficar desiludido.

Veridicto final: um smartphone como tantos outros

O Aquaris V é um smartphone como tantos outros e por isso é que cativa pouco. O X e o X Pro são das melhores opções disponíveis no mercado, o que estranha a BQ lançar no mesmo ano um modelo tão pouco cativante. É um smarphone capaz? Sim, é. No entanto, podia, e merecia, ser mais e melhor se a BQ quer mostrar que tem os produtos bons para o cidadão comum.