A cantora Madalena Iglésias, que venceu o Festival da Canção em 1966 com a música “Ele e Ela”, morreu esta terça-feira aos 78 anos numa clínica em Barcelona, Espanha, disse à Lusa uma fonte familiar. A par de Simone de Oliveira, tornou-se numa das vozes mais importantes da década de 60.

O velório da intérprete realiza-se esta terça-feira a partir das 18h00 locais (17h00 em Portugal), na sala 18 do Tanatório de Collserola, em Barcelona. A família fez uma publicação no Facebook a anunciar o mesmo.

[Reveja neste vídeo os momentos altos da carreira da cantora]

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Foi em 1966 que Madalena Iglésias venceu o Festival da Canção com “Ele e Ela”, um tema da autoria de Carlos Canelhas, música que ainda hoje os portugueses recordam. Devido ao sucesso que obteve no Festival, a canção “Él Y Ella”, a versão em espanhol, é editada em Espanha, França e Holanda.

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https://youtu.be/FujSlB4SZjY

Madalena Iglésias nasceu no bairro de Santa Catarina, em Lisboa, a 24 de outubro de 1939. O percurso pela música iniciou-se cedo, tendo estudado no Conservatório e na Escola do Canto. Com apenas 15 anos, entrou para o Centro de Preparação de Artistas da Rádio da Emissora Nacional.

Em 1964 participou no I Grande Prémio TV da Canção Portuguesa com “Balada Das Palavras Perdidas” e “Na Tua Carta”. E é no mesmo ano que se estreia no cinema, ao lado de António Calvário, em “Uma Hora de Amor”, de Augusto Fraga e participa também no filme “Canção da Saudade”, de Henrique Campos.

Mais recentemente, em 2008, Madalena Iglésias participou no espetáculo intitulado “Num País Chamado Simone”, cantando “No Teu Poema”, para celebrar os 50 anos de carreira de Simone de Oliveira.

https://www.youtube.com/watch?time_continue=2&v=wsdliEZQgFs

No mesmo ano, foi também lançada uma fotobiografia da cantora, intitulada “Meu Nome é Madalena Iglésias”, da autoria de Maria de Lourdes de Carvalho. Em declarações à Lusa, a cantora admitiu que sempre se sentiu perseguida pelo complexo da beleza, apesar de reconhecer que “estava à frente” do seu tempo. No texto de abertura da sua fotobiografia, a intérprete referiu-se à sua carreira, que foi além fronteiras, como “um caminho percorrido com entusiasmo, alegria, êxitos e algumas nuvens”, acrescentado que sempre procurou cumprir a profissão com “rigor e dignidade”.

Madalena Iglésias mudou-se para Espanha em 1987, onde veio a falecer, aos 78 anos, numa clínica em Barcelona.

Os amigos recordam Madalena Iglésias

A cantora Simone de Oliveira lamentou a morte de Madalena Iglésias, considerando que ficará para sempre ligada à história da música portuguesa com “Ele e Ela”, com o qual venceu o Festival da Canção. “Tenho muito pena, é um grande desgosto. Foi uma pessoa com quem eu convivi, apesar das rivalidades à época. Já não a via há muitos anos, desde que a convidei para vir ao espetáculo dos meus 50 anos de carreira no Coliseu”, adiantou.

Simone de Oliveira lembrou que há 30 anos, na década de 1960, existia um quarteto: a Simone, o António [Calvário], a Madalena e o Artur [Garcia]. “Ela é a primeira do quarteto a morrer. É verdade que fomos rivais nessa época. Ela tinha um grupo de fãs muito complicado, mas eram coisas de miúdas de 24/25 anos. (…) Depois foi para Barcelona, teve uma vida boa sem preocupações financeiras”, disse.

No entender de Simone de Oliveira, o nome de Madalena Iglésias fica na história da música portuguesa, marcando uma época. “O que fica? Como eu costumo dizer: o resto são cantigas! Ficam as cantigas, o “Ele e Ela” e a birra entre a Madalena e a Simone”, concluiu.

Em declarações à agência Lusa, António Calvário, que trabalhou com Madalena Iglésias na música do filme “Sarilho de fraldas” e em “Uma hora de amor”, entre outras, considerou a cantora como “uma amiga de sempre”, com quem fez várias digressões em conjunto.

“Recordo as digressões a nível mundial, mais do que uma vez fizemos os Estados Unidos e o Canadá”, afirmou António Calvário, que sublinhou que sempre manteve contacto próximo com Madalena Iglésias e a família.

“Sempre que ela vinha a Portugal telefonava e nós encontrávamo-nos e íamos almoçar, com um amigo comum. Foi a pessoa com quem mais lidei e a colega com quem mais trabalhei”, acrescentou o artista, que destacou também a grande cumplicidade que havia entre ambos.

Foi uma amiga muito especial, nunca tivemos a mais pequena desavença, apoiávamo-nos muito mutuamente e éramos muito cúmplices”, lembrou.

Em declarações à agência Lusa, Tozé Brito, que não trabalhou nem escreveu nada para Madalena Iglésias, disse ter acompanhado “aquela geração”, que incluía nomes como Simone de Oliveira e António Calvário, entre outros.

Havia três ou quatro nomes que marcaram aquela época da música portuguesa, principalmente a Simone que foi ‘rival’ da Madalena Iglésias. Elas competiam por um lugar de rainhas da música portuguesa, de primeira dama na música portuguesa”, salientou.

Tozé Brito disse ainda que Madalena Iglésias “foi uma grande senhora, uma mulher com comportamento exemplar, lindíssima, com muito boa presença em palco e que um ídolo da televisão”.