Luís Marques Mendes disse este domingo, no seu comentário semanal na SIC, que a revisão das leis laborais “não devia ser uma prioridade”. Segundo o social democrata, as atuais leis não estão a provocar uma “diminuição do desemprego” nem sequer a “precariedade”. E até o número de trabalhadores que recebem salários abaixo dos 600 euros tem vindo a diminuir.

“Eu acho que a mudança nas leis laborais não devia ser uma prioridade”, disse Marques Mendes. Para depois colocar algumas questões e as respetivas respostas. “As leis laborais estão a impedir a diminuição do desemprego? Não, tem vindo a diminuir. Tem provocado a precariedade no emprego? Não, os números do INE mostram que o crescimento de emprego e que 78% são contratos com vínculos permanentes. Estão a criar emprego mas mal pago? Não. Dados do INE mostram que as pessoas com salários abaixo do 600 euros tem vindo a diminuir e tem aumentado os salários acima dos 900 euros”, disse, referindo que esta “é uma tendência positiva”.

Para o social democrata, prioridades são “a mão de obra qualificada e o investimento nas empresas”. E diz que o Governo está no “bom” caminho, quando diz que são necessárias alterações laborais “mas pequenas”, contrariando a vontade dos partidos mais à esquerda (PCP e BE) que defendem uma alteração “mais radical” e os setores “setores mais radicais à direita” que defendem ” ser preciso mudar, mas liberalizar”

Os casos de Justiça

Na semana em que continuou o julgamento do procurador Orlando Figueira por corrupção, num processo que envolve o ex-vice-Presidente angolano, Manuel Vicente. E que dois juízes, Rui Rangel e Fátima Galante, se apresentaram em tribunal para primeiro interrogatório judicial também por crimes semelhantes, Marques Mendes não deixou de tocar no tema da Justiça. Para o comentador da SIC depois de uns anos “adormecida”, a justiça portuguesa está agora a dar sinais da sua competência, embora com “as mesmas falhas e fugas de informação”, mas que “globalmente nunca esteve tão bem”.

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Também na ordem do dia, as buscas ao Ministério Das Finanças, num processo que deu que falar e que o Ministério Público acabou por arquivar em dias. Em causa, o alegado pedido de bilhetes para um jogo do Benfica feito pelo próprio ministro, Mário Centeno. “É um delírio a ideia de que a justiça está a invadir campo da política,  ou que esteja orientada politicamente, quando está apenas a cumprir o seu papel”, frisa o comentador. Aquilo que acontece agora é outra coisa para Marques Mendes.

“Durante muitos anos as mais importantes figuras deste país não eram investigadas e agora são, mas tudo isso é positivo”, acrescentou. A título de exemplo, Marques Mendes comenta o caso de José Sócrates e o facto de o ex-primeiro-ministro insistir dizer ser perseguido pela justiça. “Aquilo que está a ser perseguido são apenas os factos”, terminou.

Congresso do PSD: Rui Rio atrás na corrida. E ainda Passos

O Congresso do PSD está marcado para o próximo fim de semana e Rui Rio deve clarificar, no discurso de abertura e encerramento, algumas ideias-chave no início do caminho que vai percorrer enquanto líder do partido, é o que considera Marques Mendes, que também já passou pela liderança do PSD. Para o comentador político, Rui Rio não tem o caminho facilitado nos tempos que se seguem.

“Se até ao fim do ano Rui Rio não conseguir mudar a discrepância que existe nas sondagens entre o PSD e o PS vai ter muita dificuldade em conseguir maioria nas próximas eleições e até de conseguir chegar a primeiro-ministro”, sublinha.

Mas para Marques Mendes as condições adversas pelas quais passa o próximo líder do partido não começam entre os sociais-democratas, mas sim no atual governo. “António Costa está num bom momento, e se a economia se mantiver como está as dificuldades aumentam para Rio”, frisa Marques Mendes.  “Rui Rio vai ser um líder bastante criticado por ter uma ideologia mais ao centro, ao contrário de Passos Coelho. Além disso, Rui Rio pode acabar por ser vítima de si próprio, porque tem algum défice de iniciativa política”, refere o comentador.

Marques Mendes disse ainda que há aspetos que têm de ser clarificados já no Congresso do PSD, como a votação do Orçamento do Estado, porque “se o partido votou contra nos últimos três orçamentos, não pode no próximo votar a favor”. Para o social democrata, Passos Coelho “não foi um bom líder da oposição, mas foi um bom primeiro-ministro”, e espera que no Congresso do Partido seja homenageado “como merece”. E deixa a hipótese de, um dia, ele se candidatar a Presidente da República.

O comentador da SIC disse ainda que foi benéfica a solução encontrada pelo partido de Angela Merkel e Martin Schulz, com o acordo de governação, que para Marques Mendes representa uma espécie de “bloco central”.

“É uma solução negociada, mas está instalada uma enorme crise no SPD, porque é assim que os alemães vêm este acordo de governo”, sublinha Marques Mendes.