O corpo da menina luso-descendente de nove anos Maëlys de Araújo que desapareceu em Pont-de-Bonvoisin, em França, em agosto do ano passado, foi encontrado depois de o principal suspeito ter confessado ter matado a menina. De acordo com o procurador Jean-Yves Coquillat, em conferência de imprensa, os cães pisteiros encontraram o crânio da menina e, de seguida, ossadas, no Maciço de Chartreuse, a cerca de uma hora do local do casamento.
Nordahl Lelandais, de 34 anos, era o principal suspeito do rapto da menor e estava em prisão preventiva desde o seu desaparecimento. Lelandais levou as autoridades ao local do crime para identificar o sítio em que deixou o cadáver.
Lelandais confessou que enterrou o corpo num bosque e esteve a orientar as escavações. Além da polícia e dos procuradores, dirigiram-se para o local 20 especialistas forenses e o laboratório móvel do instituto de medicina legal para uma possível identificação do corpo. Várias estradas foram fechadas e a neve dificultou as operações;
Foram encontrados vestígios de sangue no porta-bagagem do carro de Lelandais, um Audi A3, que pertencem de facto à menina. Recorde-se que o suspeito — que tinha sido detido na altura do desaparecimento e acabou por ser libertado — ficou em prisão preventiva dois dias depois, quando a polícia descobriu vestígios de ADN no painel de controlo do carro e o próprio suspeito ter admitido que a menina esteve no interior da viatura;
Na confissão, Lelandais disse que matou a menina “por acidente” perto da sua casa em Domessin (a 10 minutos de carro do local do casamento), escondeu o corpo, voltou para a festa do casamento e mais tarde, voltou para o buscar e escondê-lo noutro local, de acordo com o jornal Le Dauphiné Libéré. O suspeito recusou explicar como é que matou a menina, acrescentando que só iria fazê-lo depois de o corpo ter sido encontrado.
O que aconteceu? O casamento, os vestígios de ADN e um suspeito em prisão preventiva
Maëlys desapareceu na madrugada de 26 para 27 de agosto, numa quinta na região de Pont-de-Beauvoisin, em França, a cerca de 85 quilómetros de Lyon. A criança estava numa festa de casamento e foi vista, pela última vez, na sala das crianças. A mãe da menina, prima da noiva, deu por falta da filha quando passavam poucos minutos das 3 horas da manhã.
As autoridades foram chamadas ao local quando, após as primeiras buscas, a criança continuava sem aparecer. Todos os 180 convidados que estavam na festa de casamento foram ouvidos. Também as quase 70 pessoas que estavam noutros salões e bares próximos do local foram interrogadas. As autoridades fizeram o apelo nas redes sociais, nem 24 horas tinham passado do desaparecimento:
‼️#AppelàTémoins lancé par les gendarmes de l'#Isère après la disparition inquiétante de Maëlys, 9 ans, à Pont-de-Beauvoisin #MerciRT pic.twitter.com/qmPAstqTrD
— Gendarmerie nationale (@Gendarmerie) August 28, 2017
Duas pessoas foram detidas: um homem de 24 anos que trabalhava nas imediações da quinta e outro de 34 anos, Nordahl Lelandais, que era convidado do noivo e descrito como amigo do pai de Maëlys, embora os pais da menina, Joachim e Jennifer de Araújo, tenham negado conhecê-lo. O primeiro suspeito estava perto da quinta onde se realizou a cerimónia e já tinha falado à polícia, mas as declarações prestadas foram consideradas inconsistentes e acabou por ser detido. Foi libertado dois dias mais tarde.
Menina luso-descendente desapareceu em França. Suspeitas de rapto
O segundo suspeito, Nordahl Lelandais, terá garantido no interrogatório inicial à polícia que não saiu do local da festa mas outros convidados disseram à polícia que o tinham visto ausentar-se no momento em que a menina terá desaparecido. Lelandais reconheceu, mais tarde, que mentiu. As autoridades resolveram prolongar o seu prazo de detenção por mais um dia, mas acabaram por libertá-lo no dia seguinte. Lelandais, que já era conhecido da polícia local por “delitos comuns”, entre os quais consumo de drogas, ficou em prisão preventiva — dois dias depois de ter sido libertado — depois de a polícia ter descoberto vestígios de ADN no painel de controlo do carro e o próprio suspeito ter admitido que a menina esteve no interior da viatura.
Em janeiro deste ano, os pais da criança disseram à imprensa francesa ter conseguido identificar a filha nas imagens de videovigilância que mostram o carro de Lelandais, um Audi A3, a abandonar o local do casamento. Maelys seguia no lugar do “pendura” e saiu por volta das 2h45. Recorde-se que a ausência da menina foi notada quando passavam poucos minutos das 3 horas da manhã. No momento em que Lelandais regressou, vinha sozinho.
Pais de Maelys de Araújo reconhecem filha desaparecida em vídeo do carro do alegado raptor