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Primeiro dos cinco volumes que constituem a obra escrita completa de João César Monteiro, nas máquinas tipográficas da Homem do Saco
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Editoras indie, um roteiro para livros alternativos

Não há apenas música e cinema independente. Há também livros. O setor das editoras independentes está a crescer e o futuro da literatura portuguesa vai passar por aqui.

Estamos em Fahrenheit 451, de Ray Bradbury. Queimam-se os livros e o pensamento dissidente. A felicidade é um imperativo do povo e dos políticos. O pensamento crítico foi abolido. Esse futuro distópico inventado nos anos 50 é agora. Apenas não há fogo, papel a arder a 451 graus fahrenheit. Há livros guilhotinados, outros amontoados em armazéns com o rótulo “não se vende”, e muitos outros condenados para sempre ao silêncio de serem “complexos”, “elípticos”, “metafísicos”, “antissociais”, “violentos”. O povo, as minorias e as maiorias, querem a felicidade, o entretenimento, o prazer infinito. Os políticos gostam deles assim.

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Os livros a arderem, no filme que François Truffaut realizou a partir do romance de Ray Bradbury

No romance de Bradbury há uma comunidade de homens e mulheres que decora livros inteiros para os salvar, à qual se há-de juntar Guy Montag, o protagonista da história. Um grupo de dissidentes que percebe que salvar a literatura é salvar a humanidade. Em Portugal também os há. Sempre os houve. Sempre foram precisos Homens que fizessem os livros certos chegarem ao futuro. E não se pense que estes editores acabaram com a Revolução de Abril. Pelo contrário.

Em tempos em que a democracia serve de máscara para tudo e mais alguma coisa, eles são ainda mais necessários. Quem não conhece Vítor Silva Tavares da &etc, Paulo da Costa Domingos da Frenesi, Rui Martiniano da Hiena, Vasco Santos da Fenda, não sabe como editar livros pode ser um trabalho feito sempre no fio da navalha e estar sempre destinado a ocupar as prateleiras mais baixas das livrarias, “aquelas junto ao chão”, como conta ao Observador Paulo da Costa Domingos.

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À exceção da &etc, nenhuma destas editoras se mantém em atividade. Hoje, a comunidade de heróis silenciosos que procuram fazer salvar a poesia, a BD, a fotografia, o conto, tem outros nomes, outros projetos (talvez menos abertamente ideológicos), mas o seu trabalho em torno do livro como um objeto total continua a ser feito e continua a encontrar as suas praias no coração de alguns leitores, como escreveu o poeta Paul Celan.

À exceção da &etc, nenhuma destas editoras se mantém em atividade. Hoje, a comunidade de heróis silenciosos que procuram fazer salvar a poesia, a BD, a fotografia, o conto, tem outros nomes, outros projetos (talvez menos abertamente ideológicos).

Alguns, poucos, conseguem estar nas Fnac, nas Bertrand, nas Bulhosa, porque as grandes cadeias livreiras já perceberam que há um burburinho crescente em torno destes objetos excêntricos (plaquetes, livros de cordel, desobedientes aos tamanhos standard, de capas austeras, ou com um apurado gosto nas ilustrações e no design). De qualquer forma, é nas pequenas livrarias independentes, nos bairros menos centrais das cidades, que a nossa small press, ou indie press (nas designações anglo-saxónicas), é vendida.

Romance de António Cabrita (um ficção sobre as circunstâncias da morte do alfarrabista Ricart Dácio) numa plaquete da 50Kg

Romance de António Cabrita (uma ficção sobre as circunstâncias da morte do alfarrabista Ricarte Dácio) numa plaquete da 50Kg

É pouco provável que os tenha visto na Feira do Livro de Lisboa num pavilhão próprio, que os veja nas revistas sociais ou nas crónicas dominicais do professor Marcelo Rebelo de Sousa. É pouco provável que venham a ser recebidos pelo Presidente da República. Talvez nem sequer os encontremos, no futuro, na Biblioteca Nacional, porque simplesmente não têm dinheiro para pagar o ISBN (cuja atribuição obrigatória começou a custar, desde o início deste ano, entre 15 a 4500 euros).

Ora, a small press é aquela que, por definição, não é feita para dar lucros. As tiragens são muito pequenas, entre 100 e 500 exemplares. Estas editoras são, na sua maioria, mantidas em regime de part-time, e os custos da publicação de livros são muitas vezes pagos com o dinheiro dos salários que estes editores retiram de uma ocupação profissional principal. São edições quase clandestinas, feitas em tempos tirados ao ócio, à família. São um hobby, talvez mais fruto de uma atitude de nostalgia do livro em papel, das máquinas, das tintas e dos carateres móveis, do que uma resistência política consciente.

Estas editoras são, na sua maioria, mantidas em regime de part-time, e os custos da publicação de livros são muitas vezes pagos com o dinheiro dos salários que os editores retiram de uma ocupação profissional principal.

Catarina Figueiredo Cardoso, uma das responsáveis pela edição do Portuguese Small Press YearBook, explicou ao Observador que este é um setor que não tem parado de crescer. “Assumindo que os livros de autor também são edição independente, não faço ideia de quantos livros desta natureza se estão a editar por ano em Portugal… Pelo Portuguese Small Press Yearbook, que publico em conjunto com a Isabel Baraona, verificamos que há cada vez mais produção, mas não a conseguimos quantificar.”

A produção é cada vez maior, mas é também cada vez mais variada: “Há núcleos distintos que acabam por se cruzar: a poesia, a BD, a fotografia, os objetos gráficos, os fanzines, a ilustração, a experimentação tipográfica. Pois eles oferecem aos leitores o acesso a uma produção cultural que, de outra forma, não existiria. Publicar é dar ao público, e a edição independente é uma forma de artistas (que por definição fazem coisas) fazerem chegar a uma audiência aquilo que fazem, e que não tem lugar noutros meios de divulgação. Optar pela edição independente é uma atitude artística, não é simplesmente uma falta de alternativa.”

Anuário sobre as pequenas editoras Portuguesas. Da autoria de Catarina Figueiredo Cardoso e Isabel Baraona

O “Portuguese Small Press Yearbook” é um anuário sobre as pequenas editoras portuguesas, da autoria de Catarina Figueiredo Cardoso e Isabel Baraona

É um interessante paradoxo o crescimento destas pequenas chancelas nas margens do crescimento dos conglomerados editoriais como a Porto Editora, a Leya, a Babel, ou a viragem para o puro lixo editorial de editoras que já foram importantes, como a Presença. Para enfrentar os bestsellers de capas kitsch que cegam os olhos dos leitores incautos à entrada das livrarias, existe actualmente todo um admirável mundo novo que dá pelos nomes de Douda Correria, Do Lado Esquerdo, A Tua Mãe, Não Edições, Medula, Edições 50 Kg, Artefacto, Língua MortaAvernoParsifal, Edições Sem Nome, Edições Guilhotina, Alambique, Companhia das Ilhas, Tea For OneMariposa Azual, Chili Com Carne, Clube do Inferno, Pierre von Kleist,  The Unknown Books, Pierrot le Fou, Homem do SacoOficina do Cego, Abysmo

Livros, esses objetos de luxo

“No caso da Artefacto, ocupamos um pequeno espaço no universo da edição. Publicamos menos de 10 livros por ano e não temos fins lucrativos, como não os têm a maior parte das editoras nas mesmas circunstâncias. O que talvez seja importante esclarecer, mais do que a distinção entre elas, é a distinção entre o seu trabalho e o trabalho das vanity presses, empresas que cobram para publicar livros e se fazem passar por editoras respeitáveis. Estas últimas têm, nos tempos mais recentes, vindo a nascer no nosso país como cogumelos venenosos”, explica ao Observador Paulo Tavares, fundador da Artefacto.

Uma fonte no quintal, Antologia de novos poetas americanos, pela Artefacto

“Uma Fonte no Quintal”,
Antologia de novos poetas americanos, pela Artefacto

Também professor e investigador, Paulo Tavares explica o trabalho da sua editora e desmistifica a aura de marginalidade associada a algumas chancelas indie: “A Artefacto nasceu no início de 2010 na Sociedade Guilherme Cossul, uma associação cultural que celebra este ano 130 anos de existência. Eu e a Sara M. Felício tínhamos em mãos alguns originais de poesia em língua portuguesa que gostaríamos de ver editados, e que provavelmente não encontrariam outra casa de acolhimento, ou que a encontrariam com um tempo de espera absurdo, e foi assim que demos os nossos primeiros passos na edição. A partir daí começámos a publicar livros de que gostamos. Temo-lo feito a conta-gotas, porque temos outras profissões e porque, na realidade, não sentimos qualquer pressão para publicar. Neste caso, como não pretendemos ser enfants terribles das letras ou da edição, e não sofremos de estigmas ou de auras, os livros e o diálogo com os autores são realmente o alvo do nosso trabalho.”

"É possível que os projetos editorais mais modestos nos seus meios tenham surgido, em parte, como resposta a esta feroz uniformização, que é também uma uniformização do gosto."
Paulo Tavares

Continua Paulo Tavares: “É possível que os projetos editoriais mais modestos nos seus meios tenham surgido, em parte, como resposta a esta feroz uniformização, que é também uma uniformização do gosto e um eficaz contributo para uma branda invasão bárbara. Contudo, este surgimento das pequenas editoras não deve ser visto apenas como um movimento reativo ou de resistência face à denominada indústria cultural. Algumas delas já andavam por cá antes desta maquinaria pesada ter sido posta em marcha.”

"Ser editor independente não é não conseguir ser um grande editor ou não conseguir ser publicado por um grande editor... É uma opção, uma forma de vida."
Catarina Figueiredo Cardoso

De facto, para muitas destas editoras o livro não é pensado apenas no seu conteúdo mas também no seu toque, na sua estética. Especifica Paulo da Costa Domingos, da extinta Frenesi: “O livro deve ser feito como uma ópera, e estas novas editoras congregam a busca de novas vozes a um enorme cuidado na estética do livro. A escolha dos tipos, da mancha gráfica, da capa, do papel, da ilustração, nada é deixado ao acaso. Por isso, o custo final destes livros não é necessariamente barato, mas a ideia é devolver ao livro a sua importância como artigo de culto, de coleção.”

'Sião'- Antologia de poesia portuguesa organizada nos anos 80 por Paulo da Costa Domingos, Al Berto e Rui Baião. Editada pela Frenesi

“Sião”, antologia de poesia portuguesa organizada nos anos 80 por Paulo da Costa Domingos, Al Berto e Rui Baião. Foi editada pela Frenesi

“Ser editor independente não é não conseguir ser um grande editor ou não conseguir ser publicado por um grande editor… É uma opção, uma forma de vida”, salienta Catarina Figueiredo Cardoso. Mas não poderá ser também uma resistência aos grandes editores? “Claro, mas duvido que a questão seja colocada pelos editores independentes dessa forma. Ou seja, nem todos os que tivessem a possibilidade de ser grandes, ou de integrar um grande grupo editorial, fariam essa escolha. Os editores são como toda a gente, eles e a sua circunstância. Se a circunstância fosse outra, eles talvez fossem outros. Mas não são outros.”

Eis uma estranha forma de vida, em tempos em que todos se querem destinados à riqueza financeira e à glória mediática: fazer com que a voz e a arte de outros chegue ao futuro. Mas chegará?

Na rota dos escritores alternativos

Há alguns anos, Vítor Silva Tavares, da &etc, dizia, numa entrevista, que os seus livros eram “um luxo táctil”. Mas, ao cabo de 40 anos, Silva Tavares tem no seu catálogo não apenas artigos de luxo, tem também autores de luxo: os consagrados, que ele sabiamente traduziu, e aqueles que o seu olho perspicaz descobriu. Entre eles, claro, Herberto Helder. O mesmo aconteceu com editoras como a Hiena, a Fenda, a Frenesi. Todas elas “descobriram” autores que vieram a tornar-se marcantes para o romance, a poesia, a dramaturgia portuguesa.

As novas editoras indie, muito vocacionadas para a edição da poesia, mas também de BD, teatro e fotografia (géneros que quase só subsistem nas editoras médias como a Tinta-da-China, a Cavalo de Ferro ou a Relógio D’Água) têm muito presente mas pouco passado. Muitos dos autores que estão agora a ajudar a revelar, por mais talentosos que possam ser, precisam da passagem do tempo sobre as suas obras, para que possamos perceber o seu verdadeiro valor e a capacidade de escolha destas chancelas.

Muitos dos autores que as editoras indie estão agora a ajudar a revelar, por mais talentosos que possam ser, precisam da passagem do tempo sobre as suas obras, para que possamos perceber o seu verdadeiro valor e a capacidade de escolha destas chancelas.

Catarina Figueiredo Cardoso aponta mesmo como um dos aspetos negativos destas editoras “a impossibilidade de realização de projetos que impliquem meios técnicos caros ou a participação de equipas grandes e muito pluridisciplinares, a tendência para a entropia ou o solipsismo”. Já Paulo da Costa Domingos lembra que uma editora é também um “olhar específico sobre a realidade, uma leitura do seu tempo e não a reunião de umas coisas dos amigos”.

Apesar do seu curto tempo de vida — quase todas estas editoras têm pouco mais de cinco anos –, algumas já conseguiram fazer com que o meio literário português, sempre sobre-excitado com algumas coqueluches mediáticas, fosse obrigado a olhar para além do próprio umbigo.

Destacam-se aqui a Abysmo, que trouxe de volta os poetas e romancistas Paulo José Miranda e António Cabrita. A Língua Morta, com a publicação de Bonsoir Madame, primeira antologia de poemas Manuel de Castro, um dos poetas mais amados por Herberto Helder, ou, mais recentemente, Misteriosamente Feliz, do poeta catalão Joan Margarit. A Artefacto, com a edição das antologias Uma Fonte no Quintal, de cinco poetas norte-americanos da nova geração, e Estradas Secundárias: doze poetas irlandeses, bem como Agamémnon, a tragédia de Ésquilo, traduzida por José Pedro Moreira.

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Primeira antologia da poesia de Manuel de Castro pela Língua Morta

Vale muito a pena passar pela Medula, uma editora de Coimbra, para conhecer a poesia de F. S. Hill, Livro das Coisas Breves, ou pela Douda Correria (do poeta Nuno Moura) para conhecer as bizarrias fulgurantes da brasileira Carla Diacov. A Companhia das Ilhas, sediada na ilha do Pico, no Açores, pertence ao poeta e dramaturgo Carlos Alberto Machado e tem no seu catálogo o novo romance de Conceição Caleiro e a poesia de Luís Quintais.

No conjunto destas editoras destaca-se, naturalmente a Averno, a mais antiga, com a edição, desde 2002, dos seus “poetas sem qualidades”, mas também a sua edição das obras de poetas “com qualidades” como António Barahona, Ernesto Sampaio ou Diogo Vaz Pinto, passando pelos inclassificáveis Rosa Maria Martelo ou Silvina Rodrigues Lopes.

Pássaro-Lyra de António Barahona acabado de editar na Averno

“Pássaro-Lyra”, de António Barahona, acabado de editar na Averno

Na BD, a Chili com Carne e a Mmmnnnrrrg de Marcos Farrajota e o Clube do Inferno têm as excitantes propostas de novas gerações de autores nacionais. O Clube, um projeto de André Pereira, Astromanta, Hetamoé, Mao e Tata Box acaba de lançar a Maga, uma antologia de textos críticos e reflexões sobre BD e edição independente.

 Maga, ensaios sobre BD e edição Independente pela editora Clube do Inferno

“Maga”, ensaios sobre BD e edição independente pela editora Clube do Inferno

Na área da fotografia e das artes plásticas, destacam-se os projetos Pierre von Kleist, The Unknown Books, Pierrot le Fou e a Stolen Books.

Livro de fotografias da cidade de São Paulo da autoria de André Cepeda, pela editora Pierre Von Kleist

Livro de fotografias da cidade de São Paulo da autoria de André Cepeda, pela editora Pierre Von Kleist

Encontrar estes livros nem sempre é fácil, pois não são muitas as livrarias e alfarrabistas que os vendem. Muitas vezes, a melhor forma de os comprar é através dos sites das editoras na internet. De qualquer forma, mapeamos algumas em Lisboa, como a Letra Livre, a Pó dos Livros, o Sr. Teste, a Paralelo W. No Porto, a Poetria, a Lumière e a Moreira da Costa; em Coimbra, a Livraria Alfarrabista Miguel de Carvalho; e, em Braga, a Centésima Página. Há ainda a Snob, em Guimarães; a Culsete e a Livraria Uni-verso, em Setúbal; A das Artes, em Sines; a Livraria Arquivo, em Leiria; e a Contracapa, em Castro Verde.

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