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Está de férias longe do território do euro — Londres, Nova Iorque ou Pequim, por exemplo — e precisa urgentemente de dinheiro para pagar uma viagem de táxi. Num caixa automático, retira o equivalente a 50 euros com o seu cartão NB Verde American Express. Tudo muito fácil, exceto no regresso: ao ler o extrato bancário percebe que a operação teve um custo de 8,11 euros, além dos 50 euros. A despesa ficou 16% mais elevada.
Não são apenas os cartões American Express do Novo Banco que podem tornar as suas próximas férias mais caras. A mesma operação com os principais cartões de crédito do ActivoBank, da Caixa Geral de Depósitos, do Millennium bcp, do Novo Banco ou do Oney Bank representariam um aumento da despesa em mais de 15%.
Todavia, não levantar dinheiro a crédito (exceto se usar um cartão muito particular, como verá mais à frente) é apenas um dos sete mandamentos das finanças pessoais nas férias. Conheça-os em detalhe para gozar umas férias mais leves para o seu orçamento.
Veranear na Europa? Mantenha a sua rotina
A regra é que os bancos portugueses não cobram nos levantamentos a débito e nos pagamentos em euros, coroas suecas e léus romenos dentro do Espaço Económico Europeu. Na prática, pode veranear livremente sem custos bancários nessas operações em 21 nações: Alemanha, Áustria, Bélgica, Chipre, Eslováquia, Eslovénia, Espanha, Estónia, Finlândia, França, Grécia, Irlanda, Itália, Letónia, Lituânia, Luxemburgo, Malta, Países Baixos, Portugal, Roménia e Suécia.
Os regulamentos europeus impedem que os bancos tenham um preçário para os levamentos e pagamentos nas moedas locais da zona euro, Roménia e Suécia diferente do preçário aplicado no território português. Por isso, a sua rotina de levantamento e pagamentos com cartões bancários deve manter-se se for de férias para esta região europeia.
É preciso apenas um cuidado: alguns caixas automáticos no seu destino de férias podem cobrar nos levantamentos. Tenha atenção quando concretizar essas operações.
Viaja para mais longe? Leve divisas consigo
Usar cartões bancários fora da zona euro, Roménia e Suécia pode ser caro — e não é só nas comissões. As taxas de câmbio calculadas pelas redes de cartões, como a Mastercard e a Visa, tendem a ser mais altas do que na banca e nas agências de câmbios. Uma maneira de cortar nessa despesa é levar divisas consigo nas férias.
A maioria dos bancos cobra menos de cinco euros em cada operação de compra ou de venda de notas estrangeiras por movimentação da conta bancária. O Crédito Agrícola dos Açores é um caso especial: não aplica qualquer comissão nestas operações, segundo o seu preçário. A Caixa de Crédito de Leiria, o Banco BPI e o Montepio também estão entre os mais económicos e, por vezes, compensa comprar ou vender notas estrangeiras nos seus balcões mesmo não sendo cliente do que efetuar as operações no seu banco do dia-a-dia. Abanca, BAI Europa, Banco Carregosa, Banco do Brasil e BiG são os únicos que cobram mais de dez euros em todas as operação.
A grande desvantagem dos bancos é terem um reduzido número de divisas que podem ser compradas ou vendidas. Não terá problemas em adquirir dólares norte-americanos, libras esterlinas ou coroas suecas — embora possa ser preciso fazer uma encomenda com uma antecedência até uma semana —, mas dificilmente conseguirá moedas mais exóticas. Terá de visitar uma agência de câmbios.
A maioria das agências de câmbios não cobra comissões — as principais exceções estão nos aeroportos —, mas as conversões tendem a ser menos vantajosas do que nos bancos. Todavia, a lista de divisas disponíveis na hora é muito mais vasta.
Para evitar comprar todas as divisas num pico do mercado cambial, uma estratégia inteligente é adquirir antecipadamente cerca de metade das notas que preveja que necessitará durante as férias. A outra metade poderá ser trocada antes de partir ou no destino contra euros.
Embora seja mais económico do que usar frequentemente os cartões bancários, levar um elevado volume de notas para as férias não é cómodo nem seguro. Na prática, os viajantes que querem poupar nas comissões bancárias acabam por combinar o transporte de divisas com os pagamentos e levantamentos no estrangeiro.
Quer pagar com plástico? Fica mais caro
Quando estiver a converter mentalmente em euros o preço de algo que terá de pagar fora da zona euro, da Roménia e da Suécia, junte-lhe mais 2,81% — ou arredonde para mais 3%. É essa a comissão bancária aplicada aos pagamentos feitos com a maioria dos cartões bancários portugueses, de débito e de crédito. Essa percentagem já inclui o Imposto do Selo.
Há cartões mais caros — o custo no Banco Best e no Novo Banco pode chegar a 3,74% —, mas também há cartões isentos de comissões sobre pagamentos de compras fora da zona euro, da Roménia e da Suécia.
Instituição emissora | Cartões bancários | Custo anual dos cartões | Comissão sobre pagamento de compras fora da zona euro, Roménia e Suécia |
BBVA IFIC | Vários, incluindo Affinity Card | não tem | não tem |
Cofidis | Cofidis — opção “Mais por 1€” | 12,00€ | não tem |
Millennium bcp | Free Travel | 26,00€ | não tem |
BNP Paribas Personal Finance | Vários, incluindo Banco CTT, Black, Fnac, Ikea, Media Markt | até 20,80€ | 1,77% |
Crédito Agrícola dos Açores | Crédito Agrícola Visa Electron | 14,56€ | 1,77% |
Fontes: bancos a 19 de junho de 2017. Custos e comissões incluem impostos. Comissões sobre pagamentos de compras em terminais de pagamento automático em divisas que não o euro, coroa sueca e léu romeno. |
Se planear uma soma de dois mil euros em pagamentos com o seu cartão bancário fora da zona euro, da Roménia e da Suécia, então deverá esperar uma despesa de 56,20 euros em comissões bancárias e impostos associados. Se usar o cartão Affinity Card, o Cofidis com a opção “Mais por 1€” ou o Free Travel do Millennium bcp, não terá essa despesa.
Se o seu banco apenas lhe oferece cartões bancários dispendiosos, não tem de abrir uma conta noutra instituição para ter acesso a compras sem comissões bancárias. A Revolut, uma instituição britânica de moeda eletrónica autorizada pelo Banco de Portugal, disponibiliza um cartão gratuito sem comissões sobre pagamentos em todo o mundo. Tal como o Free Travel do Millennium bcp, é um cartão pré-pago: os titulares carregam dinheiro para poderem gastar.
Além de ser uma solução económica ao nível de comissões, a Revolut diz que seu cartão, que é controlado por uma aplicação para telemóveis, beneficia de melhores taxas de câmbio do que as tradicionais redes internacionais. O Observador acompanhou as taxas praticadas pela Revolut, pela Mastercard e pela Visa ao longo de uma semana e confirmou que, em 56% dos casos, a Revolut tem um câmbio mais favorável. Foram analisadas operações em dólares norte-americanos, francos suíços, kwanzas angolanos, libras esterlinas e reais brasileiros.
A Revolut também não cobra nos levantamentos em caixas automáticos em todo o mundo desde que as operações não somem mais do que o equivalente a 200 euros por mês. Tudo o que ultrapassar esse montante é alvo de uma comissão de 2%.
Precisa de ir ao caixa automático? Ficará mais pobre
Tal como o cartão Revolut após 200 euros por mês, os cartões portugueses de débito também vão deixar os clientes bancários mais pobres se forem usados para levantar dinheiro em caixas automáticos fora da zona euro, Roménia e Suécia. O normal é o banco cobrar cerca três euros por levantamento adicionados de 3% do montante sacado. Por isso, é melhor levantar 500 euros de uma vez do que retirar cinco vezes o equivalente a 100 euros: a primeira opção custa 18,72 euros, mas a segunda representa uma despesa de 31,20 euros, incluindo Imposto do Selo.
Há, todavia, cartões que se desviam do padrão: alguns apenas cobram a componente fixa e outros têm uma componente variável mais económica.
Instituição emissora | Cartão bancário | Custo anual do cartão | Comissão sobre levantamento a débito fora da zona euro, Roménia e Suécia |
BiG | BiG Mastercard | 7,80€ | 2,34 dólares norte-americanos (cerca de 2,09 euros) |
Abanca | Visa Electron | 13,52€ | 2,60€ + 0,34% |
Banco BIC | BIC Electron, BIC Private | 13,00€ | 3,12€ + 0,34% |
Millennium bcp | Free Travel | 26,00€ | 5,20€ |
Caixa Económica da Misericórdia de Angra de Heroísmo | Classic CEMAH | 10,40€ | 2,60€ + 1,04% |
Jovem CEMAH | 5,20€ | ||
Fontes: bancos a 19 de junho de 2017. Custos e comissões incluem impostos. Comissões sobre levantamento em caixas automáticos em divisas que não o euro, coroa sueca e léu romeno. |
Para a composição do quadro anterior apenas considerámos os cartões que podem ser contratados pela maioria dos clientes dos bancos. É possível que, em determinadas circunstâncias, esteja abrangido por isenções. É o caso, por exemplo, dos cartões Maestro RE e Electron RE que a Caixa Geral de Depósitos reserva aos residentes do estrangeiro: no país da sua residência, os clientes não são alvo de comissões sobre levantamentos.
Levantar dinheiro a crédito? Quase nunca
Como exemplificámos no início com o cartão NB Verde American Express, levantar dinheiro com o cartão de crédito — o chamado cash advance — aumenta consideravelmente as despesas de férias. Um levantamento de 50 euros fora da zona euro, Roménia e Suécia incrementa o gasto em cerca de 13 euros, em média. Se retirar 500 euros, a fatura de veraneante aumenta cerca de 7%.
Mesmo na zona euro (incluindo em Portugal), na Roménia ou na Suécia, o cash advance é muito penalizador. Um levantamento de 50 euros é alvo de comissões e de impostos equivalentes a cerca de 10% do montante. Um levantamento de 500 euros cresce a despesa em cerca de 5%.
Se não quer expandir o orçamento de férias, evite sempre o levantamento com cartão de crédito. Não conhecemos nenhum cartão de crédito que isente os titulares da comissão sobre o cash advance, exceto o cartão Cofidis quando se opta pela modalidade “Mais por 1€”, que custa 12 euros por ano.
Prefere a simplicidade do cartão? Use o mais económico
É provável que tenha pelo menos dois cartões bancários na sua carteira. Sempre que possível, use o mais económico no estrangeiro. Se um deles for o Cofidis com a modalidade “Mais por 1€”, prefira-o sempre nos levantamentos e pagamentos fora da zona euro, da Roménia e Suécia. É inclusivamente mais barato fazer o levantamento a crédito com esse Cofidis do que fazer um levantamento a débito com qualquer outro cartão, desde que pague sempre o saldo em dívida na conta-cartão na totalidade.
Se duvidar entre usar um cartão Visa e um Mastercard, escolha o último: as taxas de câmbio tendem a ser mais vantajosas. Nos primeiros cinco meses de 2017, a Mastercard teve câmbios mais favoráveis do que a Visa em 75% das operações em dólares norte-americanos, francos suíços, kwanzas angolanos, libras esterlinas e reais brasileiros.
Na maioria dos dias, a diferença entre Mastercard e Visa é reduzida, inferior a 0,5%, mas há casos extremos. No passado dia 18 de maio, um jantar para dois no Rio de Janeiro que custasse 120 reais representaria uma despesa de 32,21 euros com um cartão Mastercard ou de 34,86 euros com um cartão Visa, mais 8%.
Vai dar férias ao cartão? Leve-o na mesma consigo
Mesmo que não planeie usar frequentemente os cartões bancários nas férias, leve-os consigo. Muitos dos cartões de crédito têm seguros de assistência e contra imprevistos em viagem. Embora não tenham custo adicional, pode ser necessário pagar as viagens com o cartão para ativar estes seguros.
Alguns cartões, como o Caixa Classic da Caixa Geral de Depósitos, incluem seguros que protegem o titular em caso de acidentes pessoais em viagem e no estrangeiro. Outros cartões desenhados especialmente para viajantes, como o Free Travel do Millennium bcp, esticam a lista de proteções: acidentes em viagem (que resulte em morte ou invalidez permanente), imprevistos em viagem (atraso ou cancelamento do voo, atraso na entrega de bagagem) e assistência no estrangeiro (incluindo o pagamento de despesas médicas em consequência de doença ou acidente).
Antes de partir para as próximas férias, reveja as coberturas que os seus cartões bancários lhe oferecem. Os seguros associados podem ajudá-lo a ficar ainda mais descansado.